domingo, 26 de fevereiro de 2017

Uma vida sem reflexão é uma vida sem vitalidade


“Um ponto essencial é perceber as emoções como aliadas em nosso processo de descoberta íntima e de iluminação interior. Além disso, entender que não é possível e nem desejável interromper, como uma contenção ilimitada, as emoções que sentimos. É preciso manejá-las. Tanto as chamadas emoções positivas quanto as negativas estão postas em nós com funções alavancadoras de nosso amadurecimento psíquico-espiritual.” (Leonardo Machado, em entrevista publicada nesta edição, um dos destaques desta semana.)

Os impulsos inconscientes buscam a sua manifestação, mas o recalque do consciente impede a satisfação desses desejos inconscientes, de modo que esses desejos ou impulsos procuram manifestar-se por símbolos em vias indiretas. Quando, exageradamente, o consciente exerce uma função repressora, o corpo adoece. E se paga, então, um preço muito alto ao reprimir a satisfação de um desejo.

Os desejos que nos são peculiares manifestam-se como se fossem sintomas. E podem ser apanhados em sua gravitação com uma atitude vigilante e consciente. Freud disse que o destino dos impulsos e desejos é tornarem-se conscientes, promovendo uma vida onde a reflexão seja a característica do ser.

“Conhece-te a ti mesmo.” (Frase atribuída a Tales de Mileto, um dos sete sábios da antiguidade grega.)

O autoconhecimento é tão importante quanto a análise dos conteúdos descobertos. Sem a observação de nossos comportamentos, nossa vida passa em vão, repetindo os mesmos mecanismos repressores. Essa repetição é um mecanismo mórbido, que pode degenerar em adoecimento. A análise desses conteúdos inconscientes possibilita, através do mecanismo de autoconhecimento, “tomar as rédeas” desses impulsos e controlar a própria existência.

“Uma vida sem reflexão não merece ser vivida”, dizia Sócrates. Muitos de nós vivemos na repetição de mecanismos de comportamento, sem refletir sobre a própria existência. Não percebemos a morbidade que existe às vezes em tal comportamento. E, no entanto, passamos por tal automatismo sem buscar a consciência de nosso pensar, falar e agir. Uma vida sem reflexão, como pensava o citado e admirado filósofo, é uma vida sem vitalidade, em que não refletimos sobre nosso comportamento e não conhecemos quem somos e qual é a direção de nossos objetivos.

“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” (Ensinamento de Jesus anotado por João, 8:32.)

Quando se torna manifesto um conteúdo inconsciente, a consciência é libertada do recalcamento e a cura acontece. É nesse sentido que o desejo é libertado. Conheceremos a verdade a respeito de nós mesmos e seremos libertados de nossos vícios e do aparelho repressor. Mas é preciso cuidado ao permitir a satisfação dos desejos sem critério, porque ninguém ignora que existem conteúdos negativos que não se devem satisfazer.

Todo esse processo é resultado do autoconhecimento. E verbalizar é essencial para o êxito do trabalho de autoanálise. Uma forma de assim proceder é recomendada por Agostinho de Hipona (Espírito) n´O Livro dos Espíritos, questão 919-a, no qual ele nos recomenda a análise do nosso comportamento ao longo de cada dia.

Conhecendo nosso modo de agir, podemos reconhecer nosso proceder e nossos pontos fracos. Os impulsos são parte importante de nossa economia mental. Não só se expressam no nosso comportamento como guiam nossas ideias.

Se tivermos a vigilância necessária para analisar nossos pensamentos, teremos um conhecimento bastante claro de nossos impulsos e desejos. Para tanto, é preciso refletir sobre eles, porque estamos muito ocupados com o comportamento dos outros, esquecendo que é para nós que devemos voltar a nossa observação.

Editorial-O Consolador
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