segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A TUA FÉ TE SALVOU. VAI EM PAZ Lc 7,36-50

Padre Bantu Mendonça K. Sayla
18/09/2008

Um fariseu convidou Jesus para jantar. Jesus foi até a casa dele e sentou-se para comer. Naquela cidade morava uma mulher de má fama. Ela soube que Jesus estava jantando na casa do fariseu. Então pegou um frasco feito de alabastro, cheio de perfume, e ficou aos pés de Jesus, por trás. Ela chorava e as suas lágrimas molhavam os pés dele. Então ela os enxugou

A segurança parecia retornar ao coração de Simão, o fariseu, ao assistir a tão escandalosa cena: com os seus próprios cabelos. Ela beijava os pés de Jesus e derramava o perfume neles. Quando o fariseu viu isso, pensou assim: Se este homem fosse, de fato, um profeta, saberia quem é esta mulher que está tocando nele e a vida de pecado que ela leva.

Seu juízo é apressado e infundado. Assim como não teve fé e amor para enlevar-se com o Mestre, faltou-lhe também o discernimento para, na ex-pecadora, ver e interpretar os sinais de um arrependimento perfeito, pois são notórios os efeitos do vício ou da virtude estampados na face (Eclo 13, 31). O orgulho de ser um rigoroso e sábio legista levou-o a uma conclusão aparentemente lógica, mas em realidade temerária, contra o Médico e contra a enferma. Além do mais, manifestou sua falsidade, pois, se concebeu no seu interior a convicção de estar diante de um homem comum e aguardou sua saída para provavelmente comentar com satisfação o aparente horror daquele escândalo, por que chamá-Lo de Mestre? A esse respeito, comenta com muita propriedade São Gregório Magno: O Médico se encontrava entre dois enfermos; um tinha a febre dos sentidos, e o outro havia perdido o sentido da razão: aquela mulher chorava o que havia feito, mas o fariseu, orgulhoso pela sua falsa justiça, exagerava a força de sua saúde.

Além não ter tido tino ou virtude para perceber na pecadora a enorme graça de que havia sido objeto, faltava ao fariseu humildade fé e amor para ver em Jesus o Filho de Deus. Entretanto, a prova de quanto Jesus é profeta foi dada a Simão logo a seguir, no estilo tão apreciado naqueles tempos, através da parábola dos dois devedores. É notório o caráter universal das palavras do Salvador contidas nesse trecho, mas não podemos negligenciar a realidade concreta a desdobrar-se diante de seus olhos de Juiz Supremo.

Ali estavam dois réus. Ambos haviam ofendido a Deus em graus diferentes e necessitavam, portanto, do perdão. A pecadora estava tomada por um arrependimento perfeito e foram-lhe perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou. Quanto ao fariseu, o Senhor lhe externa sua disposição em perdoá-lo, mas seria necessário, da parte dele, fé e maior amor. Indispensável era ao fariseu reconhecer seu débito para com Deus e pedir-Lhe perdão, mas ele assim não procedeu, por ser orgulhoso.

É fácil compreender a sentença final do Divino Juiz: a pecadora é oficial e publicamente perdoada; quanto ao fariseu, na melhor das hipóteses — se chegasse a arrepender-se e vencer seu orgulho — caberia, talvez, o decreto de Nosso Senhor: os publicanos e as meretrizes vos precedem no Reino de Deus. Esta sentença, pode ser minha e tua quando criticamos, censuramos os outros. Sobretudo aqueles que a sociedade marginaliza e considera como pecadores públicos. E Jesus, voltando-se para o excluído, por nós cristãos que nos julgamos perfeitos diz: A tua fé te salvou. Vai em paz.

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