sexta-feira, 2 de maio de 2008

OS ATOS ENDEMONIADOS Lc 4,31-37


Padre Bantu Mendonça K. Sayla
02/09/2008

Estamos diante de um texto que nos remete ao tempo de Jesus. Assim, como bom Judeu num dia de Sábado, entra no templo de Cafarnaum e começa a ensinar os seus discípulos, que por falta de conhecimento científico não só neles mas também para todas pessoas do seu tempo, a ignorância sobre o funcionamento do corpo humano, fazia com que se atribuísse aos demônios algumas enfermidades. Tal fenômeno acontecia, sobretudo, com os transtornos psíquicos, as enfermidades mentais, nas quais o modo de agir do enfermo gritos, falta de controle dos movimentos, ataques, era o que mais chamava a atenção.

É neste ambiente que surge o homem que Lucas nos descreve como sendo possuído por demônio e que levantando a voz grita: Ei, Jesus de Nazaré! O que você quer de nós? Você veio para nos destruir? Sei muito bem quem é você: é o Santo que Deus enviou!

A palavra louco era o equivalente a dizer endemoniado. Passando a ser o mesmo que dizer impuro ou seja possuído por um espírito impuro, o diabo.

O impuro é o que está carregado de forças perigosas e desconhecidas, como o puro é o que tem poderes positivos. Quem se aproxima do impuro, não pode aproximar-se de Deus. E por isso todos fugiam deste homem segundo a lei latente no livro do Levítico. À medida em que o povo foi evoluindo de uma religião mágica para uma religião de responsabilidades pessoais, essas idéias foram caindo em desuso. E Jesus aboli de uma vez por todas esta lei. E o que prova isto é que a cerimônia do exorcismo acontece dentro da sinagoga para fazer entender que também o excluído do povo tinha direito de se salvar porque é filho de Deus. Também poderia participar da mesa dos filhos, e poderia falar com Deus na oração. É membro do corpo místico de Cristo, é membro da igreja.

O fato de cena acontecer no interior da sinagoga é que é nela que se reunia todo o povo aos sábados para assistir à oração e escutar o rabino ou qualquer outro que quisesse fazer o comentário dos textos da Escritura que se havia lido. Era um lugar familiar, mais popular e mais leigo, já que nela se podia falar livremente, interromper, e não era necessária a presença de nenhum ministro sagrado. O rabino era um mestre-catequista.

E Jesus aproveita esta familiaridade para incluir o irmão através a expulsão do demônio: Cale a boca e saia deste homem! Diante de todos, ao que o demônio obedece e sai.

Sem querer chegar ao conceito puro-impuro dos tempos antigos, muitos enfermos do tipo subnormais, loucos, homossexuais, lésbicas, drogados, adúlteros, alcoólatras etc., estão hoje marginalizados da comunidade. Os sadios se safam deles, querem escondê-los como uma vergonha familiar, não se lhes dão oportunidades de reabilitação para que possam contribuir para a sociedade. São os verdadeiramente os novos impuros. Qual tem sido a tua posição ante o teu parente que vive esta situação? Não te esqueça que o sinal de Jesus neste Evangelho de hoje é sinal de que a casa de Deus, a comunidade cristã, está aberta também para esses homens e mulheres diminuídos. É sinal de Libertação: Deus valoriza e tem para eles um lugar e uma missão. Basta que tu lance a mão à obra e te convertas em verdadeiro discípulo e missionário de Jesus Cristo e a notícia de Jesus se espalhará por toda a parte, fazendo com que haja um só Pastor e um só rebanho no mundo inteiro.
Fonte: Canção Nova

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário.