sexta-feira, 25 de abril de 2008

O Mar falou...

Mitó Carreiro - Lagoa Das Flores

E o mar falou-me de ti

E falou-me das cores

E das flores das Flores.

Falou-me do que não vi.

Falou e cantou salteado

No seu contínuo vai e bem vem

De fôlego mareado.

E atento, e só, não entendi

Que dele ouvia rumores,

Por íntimos humores,

Em sentidos que perdi

Com um olhar alheado,

Num breve instante, de alguém

Que já foi apaixonado.

E o mar falou-me de ti,

Avivando os rubores,

Enquanto um Sol de ardores

Caía na linha que bani,

Por mágoa e angústia, também.

Horizonte sempre ali

Mas, sempre, sempre tão além.

Fala-me mar, diz-me mais,

Sê confidente e amigo.

Serei um porto de abrigo,

Mesmo nos temas banais.

Mostra-me o que não vejo,

Como só tu sabes, mar,

Patrocina-me o ensejo.

E no embalo balanço.

Ouço-te, claramente,

Num murmúrio contente,

Completo no remanso.

Cursa, esbarra na barra,

Agita o meu interesse

E renova-me a garra.

E tu flor, das Flores que és,

Desconheço-te traços,

Formas, teus embaraços.

Trouxe-te o mar nas marés,

Tua amizade e consolo,

Meu mantimento vital.

Sou um regaço sem colo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário.