quinta-feira, 8 de setembro de 2016

E a Vida Continua...

“A senhora Serpa refletiu alguns momentos e, dando a impressão de quem se propunha ganhar ensejo para balsamizar feridas íntimas, indagou com intenção:

– O senhor, que vem estudando as ciências da alma, acredita piamente que reencontraremos as pessoas queridas, depois da morte?

Fantini estampou um gesto de complacência e divagou:

– Não sei por que, mas, à frente de sua inquirição, veio-me à cabeça aquele pensamento do velho Shakespeare: “Os infelizes não possuem outro medicamento que não seja a esperança”. Tenho boas razões para crer que nos reveremos uns aos outros, quando não mais estivermos neste mundo; todavia, compreendo que a precariedade do meu estado orgânico é o agente fixador de semelhante convicção. A senhora já notou que as ideias e as palavras são filhas das circunstâncias? Imagine se nos víssemos hoje em plenitude da força física, robustos e bem apessoados, num encontro social, num baile por exemplo... Qualquer conceito, em torno dos assuntos que nos aproximam agora um do outro, seria imediatamente banido de nossas cogitações.

– É verdade.

– A moléstia aflitiva nos dá direito de entretecer novos recursos e novas interpretações, ao redor da vida e da morte, e, na esfera das novas conclusões que temos à frente, admito que a existência não acaba no túmulo. Estamos intimados a recordar aquela antiga ilação das novelas de amor, “o romance termina, mas a vida continua...”. O envoltório de carne tombará consumido; todavia, o Espírito seguirá adiante, sempre adiante...”

Na obra “E a Vida Continua...”, do Espírito André Luiz, psicografia de Chico Xavier.
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