quinta-feira, 9 de junho de 2016

O Espírito protetor pode abandonar seu protegido?


O motorista carregou na bebida.
Pesou no pé direito comprimindo o acelerador.
O ônibus ganhou asas.
Os passageiros, assustados, pediam-lhe que reduzisse a velocidade.
Ele, tranquilo disse:
- Não se preocupem. Meu santo é forte!
E voava baixo, ziguezagueando por ruas e avenidas.
- Devagar, devagar! Cuidado!
- Calma, gente! Está tudo sob controle. O santo nos protege!
Em pânico, os viajantes começaram a descer, embora sua insistência:
- Fiquem frios! Meu santo não falha!
O coletivo esvaziou-se. Restou derradeiro, heroico passageiro. Segurava-se precariamente ante as freadas bruscas, as curvas fechadas do bólido sobre rodas.
Não resistiu muito tempo. Arrastou-se até o motorista, tocou seus ombros e lhe disse:
- Meu filho, sou seu santo. Também quero descer. Dirigindo assim, nem o Espírito Santo poderá protegê-lo.
E seguiu solitário o "pé de chumbo", que acabou esborrachando-se num espetacular acidente que destruiu o ônibus e o transferiu extemporaneamente para o além.

O Espírito protetor poderá abandonar o seu protegido, se seu protegido não ouvir seus conselhos?
Afasta-se, quando vê que seus conselhos são inúteis e que mais forte é, no seu protegido, a decisão de submeter-se à influência dos Espíritos inferiores. Mas não o abandona completamente e sempre se faz ouvir. É então o homem quem tapa os ouvidos. O protetor volta desde que este o chame . . . (questão 495)

Determina o bom senso que o pai, após alertar inutilmente o filho quanto aos seus enganos, deixe-o seguir pelos caminhos tortuosos que escolheu, afim de que aprenda com seus próprios erros.
Algo semelhante ocorre com nossos mentores espirituais quando nos comprometemos com vícios e desatinos, fazendo ouvidos moucos à sua inspiração.
Então nossa vida complica-se, porquanto é graças à ajuda espiritual que, em múltiplas circunstâncias, problemas são resolvidos, dores são amenizadas, males são superados, influências nocivas são neutralizadas.
Mas, assim como pouco podem fazer os protetores espirituais em favor de tutelados que não se ajudam, em relação às lutas da existência, não há porque ajudar àqueles que se prejudicam voluntariamente.
Se dirijo um automóvel de forma imprudente, meu mentor não irá no pára-choque fazendo malabarismos para proteger-me.
E o funcionário relapso, que chega atrasado, que não cumpre suas obrigações, que não se dedica ao trabalho? Irá seu protetor sugerir condescendência ao patrão para que não o demita, se é o que merece?
Na atualidade há quem eleja o roubo por profissão. Isto em todos os níveis, do estelionato ao assalto à mão armada. Uma atividade, digamos, de "alta periculosidade". E que poderá o guia espiritual fazer por esses transviados pupilos senão inspirar o polícia para que os prenda, evitando que se comprometam mais acentuadamente?
Muitos pedem para Deus "retirar" uma pessoa do vício. Mas, Deus, não "retirará" ninguém que não queira sair. Ele, através dos anjos guardiães, o fortalecerá, o inspirará (em vigília ou durante o sono) e, inspirará aqueles que convivem ou não com aquela pessoa para que a ajude. Mas não a retirará de algo que escolheu por vontade própria entrar. Quando não se mostra disposto a ouvir, os guardiães respeitam seu livre-arbítrio e afastam-se. A faixa de vibração do viciado é baixa. Geralmente escutam sugestões de Espíritos com a mesma afinidade, estejam encarnados ou desencarnados. Dificultando assim, a ajuda do Céu.
Confortador, maravilhoso saber que "lá em cima" há amigos generosos dispostos a nos acompanhar e proteger. Devemos buscá-los sempre, em oração, aprendendo a ouvir, na intimidade do coração, sua orientação preciosa.
Consideremos, entretanto, que eles não são babás a satisfazer nossos caprichos ou prestigiar nossos desatinos.
Quando isso acontece, a melhor ajuda que podem dar é não dar ajuda nenhuma.
Richard Simonetti

Grupo de Estudo Allan kardec
fonte
por Ana Maria Teodoro Massuci
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