Assunção, 22 abr (RV) - O presidente eleito do Paraguai, bispo emérito Fernando A. Lugo Méndez, pediu nesta segunda-feira perdão à Igreja Católica pela "dor" que causou com sua desobediência às leis canônicas, ao se lançar na disputa presidencial.
"Se minha atitude e minha desobediência às leis canônicas causaram dor, peço sinceramente perdão aos membros da Igreja", disse Lugo à imprensa.
Em janeiro do ano passado, ele foi suspenso "a divinis", que significa, segundo o Código de Direito Canônico, que o "sacerdote continua obrigado aos deveres a ele inerentes, embora esteja suspenso do ministério sagrado". Lugo não pode celebrar missas nem ministrar os sacramentos. O bispo emérito pediu para retornar ao estado laico, mas seu pedido foi rejeitado.
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, não quis avaliar a vitória do prelado, "pois o povo escolhe livremente os governantes".
O Pe. Lombardi recordou que Lugo já não exercia o ministério episcopal há muito tempo por causa da suspensão "a divinis" e que o fato de ter vencido as eleições não significa que a Santa Sé tenha que adotar "urgentemente" novas medidas sobre seu status em relação à Igreja nem que haverá uma espécie de "oposição particular". "Trata-se de uma questão jurídica canônica sobre sua função, seu status na Igreja. Não é um problema de relações diplomáticas", acrescentou.
Sobre o fato de ser a primeira vez em que um bispo é eleito presidente da República, Pe. Lombardi disse que é um feito que "chama atenção e uma situação inédita".
Também a Conferência Episcopal do Paraguai (CEP) se pronunciou a respeito.
Segundo o presidente do episcopado paraguaio, Dom Ignacio Gogorza Izaguirre, bispo Encarnación, cabe à Santa Sé enfrentar essa inédita situação. Dom Gogorza Izaguirre recordou que Lugo, apesar da suspensão "a divinis", ainda é bispo e a Igreja aceita este resultado''.
"Estou pessoalmente muito feliz e contente com o modo como o pleito foi realizado. O povo mostrou que quer mudanças, e indicou Lugo o protagonista desse processo'', disse o prelado.
Dom Adalberto Martínez Flores, bispo de San Pedro, diocese da qual Dom Lugo é bispo emérito, afirmou que os membros da Conferência Episcopal respeitam "o presidente eleito do Paraguai" e manterão "as relações de colaboração entre a Igreja paraguaia e o Estado".
Dom Martínez Flores explicou que a CEP espera que Lugo, por meio da nunciatura em Assunção, defina sua situação com o Vaticano antes de 15 de agosto, data na qual tomará posse. (BF)
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