E o mar falou-me de ti
E falou-me das cores
E das flores das Flores.
Falou-me do que não vi.
Falou e cantou salteado
No seu contínuo vai e bem vem
De fôlego mareado.
E atento, e só, não entendi
Que dele ouvia rumores,
Por íntimos humores,
Em sentidos que perdi
Com um olhar alheado,
Num breve instante, de alguém
Que já foi apaixonado.
E o mar falou-me de ti,
Avivando os rubores,
Enquanto um Sol de ardores
Caía na linha que bani,
Por mágoa e angústia, também.
Horizonte sempre ali
Mas, sempre, sempre tão além.
Fala-me mar, diz-me mais,
Sê confidente e amigo.
Serei um porto de abrigo,
Mesmo nos temas banais.
Mostra-me o que não vejo,
Como só tu sabes, mar,
Patrocina-me o ensejo.
E no embalo balanço.
Ouço-te, claramente,
Num murmúrio contente,
Completo no remanso.
Cursa, esbarra na barra,
Agita o meu interesse
E renova-me a garra.
E tu flor, das Flores que és,
Desconheço-te traços,
Formas, teus embaraços.
Trouxe-te o mar nas marés,
Tua amizade e consolo,
Meu mantimento vital.
Sou um regaço sem colo.
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