As palavras existem para comunicar, para exteriorizar aquilo que vai em nossa mente, ambiente iluminado pela idéias, mas, ao mesmo tempo, obscuro e secreto. Se, nesse momento, todas as palavras faltassem, não existissem mais, poucos saberiam expressar o que dizemos com “eu te amo”, “meu filho”, “saudade”, “felicidade”, assim como não poderiamos expressar, felizmente, em alto e bom som de baixo calão (como é de costume nestes momentos), o ódio, a intolerância e a incompreensão. Somos todos, igualmente, feitos de silêncio e som, porque além de usarmos a boca, sabemos dizer com nosso coração, com os nossos olhares, com o nosso corpo, com o nosso abraço, com a nossa mente, embora, infelizmente, poucos saibam ler essas informações, mudas e muito mais sinceras. Conforme o dito polular “um gesto vale mais do que mil palavras” e “o exemplo é que educa”. A palavra, misto de som e signo, é uma invenção antiga, mas nem todos sabem usá-la e/ou interpretá-la sem correr perigo de cometer equívocos. Sua função é facilitar a vida, todavia sua complexidade muitas vezes atrapalha. Talvez o mundo fosse outro, se soubéssemos dizer/ler em silêncio o que se passa na nossa alma e na do outro. Um trecho da canção “certas coisas”, de Lulu Santos, reforça o que se pretendeu ter sido dito, silenciosamente, nesse texto:
Cada voz que canta o amor
Não diz tudo que quer dizer
Tudo que cala fala mais
Alto ao coração
Silenciosamente, eu te falo com paixão
Eu te amo calado
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncio e de luz
Nós somos medo e desejo, somos feitos de silêncio e som
Tem certas coisas que eu não sei dizer
A vida é mesmo assim, dia e noite, não e sim.
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