terça-feira, 5 de agosto de 2008

VINHO NOVO EM ODRES NOVOS Lc 5,33-39

Padre Bantu Mendonça K. Sayla
05/09/2008

No Evangelho de hoje, Jesus responde à pergunda dos judeus através de duas parábolas: do remendo e dos odres. O Mestre quer com elas mostrar que o judaísmo antigo está gasto. É preciso remendá-lo e não dá, porque a nova forma de religião, o cristianismo, não poderia encaixar dentro de estruturas velhas e impossíveis de se reformar. Tudo deve ser novo, como são os odres onde se deve colocar o vinho novo. Para os presos à tradição estas palavras de Jesus eram duras, e não se referiam unicamente ao jejum, mas a toda a estrutura religiosa levantada sobre uma tradição mais humana do que propriamente bíblica, como dirá Jesus.

O Antigo Testamento não pode servir como referência essencial da verdadeira religião por Jesus promulgada. Jesus nos chama odres novos que devemos recebê-lo porque Ele é o Vinho Novo. Pois do contrário os fariseus estariam no verdadeiro caminho da salvação, o que foi tudo o contrário. E Jesus no-lo demosntra várias vezes e sobretudo quando diz: o maior nascido de mulher, é menor que o menor no Reino dos céus ao referir-se a João Batista (Mt 11,11).

Ele é o esposo que está com seus amigos no meio das bodas e por isso os seus eles não podem jejuar. Assim sendo, o amor se transforma em gozo com a presença de Jesus.

O jejum, unido à penitência, não é um elemento essencial do cristianismo, e somente quando da ausência de Jesus será conveniente e, associado com a oração, meio de implorar a presença do Espírito para momentos de decisões especiais, como Jesus fez no início de sua vida pública. O jejum atual é mais uma recordação do que um instrumento de penitência. Dos três elementos que na quaresma a Igreja determina, é o menos praticado e talvez o menos entendido pelos fiéis. Constitui a penitência com respeito a si mesmo, para que o corpo não seja o último a ditar as ordens e o espírito seja dominado pela carne. É o jejum ascético que pode se transformar em jejum expiatório, como penitência.

Jesus toma o lugar de Jahveh com uma nova característica: Ele é o amigo, o íntimo, no qual o homem encontra um amor especial que recebe e dá como um igual ou semelhante. O Verbo escolhe o homem como sua morada revestido de humanidade dirá Paulo e também os homens como seus íntimos.

O discípulo de Jesus, batizado em nome da Trindade, aquele que está em comunhão quer eclesial quer sacramental está “obrigado” pelo próprio Jesus a ser o pano, o odre novo. Alías, as palavras pano sem estrear e manto velho estão escolhidas propositadamente. Significam a incompatibilidade da mentalidade antiga para receber as verdades e as práticas do Reino. O exclusivismo judeu, a circuncisão, as leis de impureza, o sábado e o templo não seriam mais os referenciais dos novos tempos. Porque os verdadeiros adoradores hão de adorar a Deus em espírito e vida. Como cristãos somos chamados e “obrigados” a abandonar orgulho, fonte da hipocrisia e o desprezo aos pobres e excluídos. O espírito do reino de serviço e humildade não entrava dentro da ambição reinante.

Se a primeira comparação, o pano era uma lição dada aos conterrâneos, a segunda os odres é um aviso aos discípulos: não queirais transvasar o espírito e as verdades do Reino a antigas e caducas instituições. O vinho indica, a alegria do banquete que não deve faltar na nossa mesa. Assim, o espírito de amizade deve substituir o espírito de formalismo e temor da AT. O Vinho Novo é o sangue de Jesus, que deve ser recebido em odres novos que é o meu e o teu coração. Porque quem come e bebe o Corpo e o Sangue de Jesus indignamente, come e bebe a própria condenação. Antes de te aproximar do Banquete Eucarístico, purifique, lave, confesse os teus pecados, porque VINHO NOVO EM ODRES NOVOS.

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