quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

MOMENTOS DE ENCONTRO





Assim, os orixás, depois de reprimidos pelo catolicismo, receberam nomes de santos e continuaram cultuados. “Foi com esse jeitinho que, aos poucos, se estabeleceu essa grande religiosidade”, diz Roberval.
Some-se a isso a repressão. Quanto mais a Igreja, a elite branca e a polícia tentavam coibir os festejos religiosos, mais eles cresciam em entusiasmo e pompa. Edilece Couto destaca que até o século 19 não existiam muitos divertimentos em Salvador. As festas ligadas à religião eram uma oportunidade para encontros familiares, namoros, fortalecimento de identidades étnicas. “No século 20, com o aparecimento de cinema, teatro, Carnaval, elas perderam parte da função social, mas permaneceram como a afirmação da identidade, principalmente da população afrodescendente”, ressalta Edilece, que pesquisou festas religiosas da Bahia em seu doutorado na Universidade do Estado de São Paulo (Unesp).

OGUM MAIOR QUE TUDO
O sociólogo Reginaldo Prandi sugere outras explicações para as manifestações religiosas na Bahia: “Os elementos da religiosidade são intencionalmente expostos, usados para desenhar o perfil sui generis da cidade de Salvador”. Assim, esculturas de orixás do artista plástico Tatti Moreno decoram, imponentes, o dique do Tororó. As festas, como a de Iemanjá, lavagem do Bonfim, Nossa Senhora da Conceição da Praia e muitas outras, fazem parte do calendário turístico da cidade. “Na Bahia, a fé foi assumida do ponto de vista turístico e permitiu a perpetuação de muitas festas públicas que se perderam em outros lugares do Brasil”, observa Prandi. Como diz o povo do candomblé: Ogum é maior do que tudo isso!

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