Os Celtas eram um povo (ou grupo de povos) da família linguística indo-européia que se espalhou pela maior parte da Europa a partir do II milênio a.C., tendo maioria populacional no norte da Europa ocidental até o advento do Império Romano. As tribos célticas ocuparam a maior parte do continente europeu, desde a Península Ibérica até a Anatólia. A maior parte dos celtas foi conquistada, subjugada, e mais tarde integrada pelos Romanos.
Existiam diversos grupos celtas compostos de várias tribos, entre eles os Bretões, os Gauleses, os Escotos, os Eburões, os Batavos, os Belgas, os Gálatas, os Trinovantes, os Caledônios, entre outros. Muitos destes grupos deram origem aos nomes das províncias romanas na Europa que mais tarde batizaram alguns dos estados-nações medievais e modernos da Europa.
Os celtas são considerados os introdutores da metalurgia do ferro (Idade do Ferro) na Europa (culturas de Hallstatt e La Tène), bem como das calças na indumentária masculina (embora essas sejam provavelmente originárias das estepes asiáticas). Do ponto de vista da independência política, grupos celtas perpetuaram-se até pelo menos o século XVII na Irlanda, o país em que melhor se preservaram as tradições de origem celta. Outras regiões européias que também se identificam com a cultura celta são o País de Gales (uma entidade subnacional do Reino Unido). A Cornualha (Reino Unido), a Gália (França), o norte de Portugal e a Galiza (Espanha), também são regiões onde resquícios das línguas e costumes celtas são encontrados até hoje.
A influência cultural celta jamais desapareceu, e tem até mesmo experimentado um ciclo de expansão em sua antiga zona de influência.
Representação de Cú Chulainn, um dos principais heróis celtas
Demografia
As origens dos celtas são ainda hoje motivo de controvérsia. Alguns autores classificam-nos como arianos ou caucasianos, mas além de englobarem grupos distintos, parecem ser a resultante da fusão sucessiva de culturas e etnias que se verificou a partir do II milênio a.C.. Em Portugal e na Espanha, por exemplo, fundiram-se aos iberos, originando os celtiberos.
Todavia, estudos genéticos realizados em 2004 pelo Dr. Daniel Bradley, do Trinity College de Dublin, evidenciaram algo que já se suspeitava (que os laços genéticos entre os habitantes de áreas célticas como Gales, Escócia, Irlanda, Bretanha e Cornualha são muito fortes) e trouxeram uma novidade desconcertante: a de que, dentre todos os demais povos da Europa, os traços genéticos mais próximos destes eram encontrados na Península Ibérica.
Numa entrevista para a agência Reuters, Bradley explicou que ele e sua equipe propunham uma origem muito mais antiga para as comunidades da costa do Atlântico: pelo menos 6000 anos atrás, ou até antes disso. Os grupos migratórios teriam saído de áreas em torno do que são hoje Espanha e Portugal em fins da Idade do Gelo.
O geneticista Bryan Sykes confirma esta teoria no seu livro "Blood of the Isles" (2006), a partir de um estudo efectuado em 2006 pela equipe de geneticistas da Universidade de Oxford. O estudo analisou amostras de DNA de 10.000 voluntários [1] do Reino Unido e Irlanda, e Sykes chegou à conclusão de que os celtas que habitaram estas terras, escoceses, galeses e irlandeses, eram descendentes dos celtas da Península Ibérica, que migraram para as ilhas Britânicas e Irlanda entre 4.000 e 5.000 a.c.. Outro geneticista da Universidade de Oxford, Stephen Oppenheimer, corrobora com esta teoria no seu livro "The Origins of the British" (2006). Estes estudos levaram também à conclusão de que os celtas originaram não na Europa central mas entre o povo que se refugiou da última Idade do Gelo na Península Ibérica.
História
Distribuição dos Celtas na Europa. A área verde sugere a possível extensão da área (proto-)céltica por volta de 1000 a.C.. A área laranja indica a região de nascimento da cultura La Tène e a área vermelha indica a possível região sob influência céltica por volta de 400 a.C..Vestígios associados a cultura celta remontam a pelo menos 800 a.C., no sul da Alemanha e no oeste dos Alpes. Todavia, é muito provável que o grupo étnico celta já estivesse presente na Europa Central centenas ou milhares de anos antes desse período.
Durante a primeira fase da Idade do Ferro céltica (do século VIII ao século V a.C.), as sepulturas encontradas pelos arqueólogos indicam o surgimento de uma nova aristocracia e de uma crescente estratificação social. A partir do século VI a.C., quando grupos do norte da Europa e da região oeste dos Alpes entram em contato comercial com as colônias gregas fundadas no Mediterrâneo Ocidental, as diferenças sociais aprofundam-se. O intercâmbio com os gregos (que chamavam os celtas indistintamente de keltoi) é evidenciado pelas finas peças de cerâmica grega encontradas nos túmulos. É igualmente provável que os gregos tenham adotado o costume de armazenar o vinho em vasos de cerâmica após seus contatos com os celtas.
Os objetos inumados das sepulturas comprovam que o comércio dos celtas estendia-se a regiões ainda mais afastadas, tendo sido encontradas peças de bronze de origem etrusca e mesmo tecidos de seda, seguramente oriundos da China.
Distribuição dos Celtas na Europa. A área verde sugere a possível extensão da área (proto-)céltica por volta de 1000 a.C.. A área laranja indica a região de nascimento da cultura La Tène e a área vermelha indica a possível região sob influência céltica por volta de 400 a.C.
A partir do século V a.C., verifica-se um deslocamento dos centros urbanos celtas (até então localizados ao longo dos rios Ródano, Saona e Danúbio), evento associado a segunda fase da Idade do Ferro européia e ao desenvolvimento artístico da cultura La Tène. As sepulturas deste período apresentam armas e carros de combate, embora sejam menos ricas do que as do período pacífico anterior. Isto, provavelmente, deve ser um reflexo de sua fase de maior expansão, quando invadem o sul da Europa após 400 a.C..
Em 390 a.C. os celtas invadem o norte da Itália (Gália Cisalpina) e saqueiam Roma. Por volta de 272 a.C., também pilham Delfos na Grécia. As hostes celtas conquistam territórios na Ásia Menor, nos Balcãs e no norte da Itália, onde o contingente mais numeroso era o dos gauleses.
A partir do século II a.C., os celtas começam a perder espaço para os povos de língua germânica, e os romanos pouco a pouco os vão dominando a partir de 192 a.C. (quando anexam a Gália Cisalpina). No século I a.C., Júlio César conquista a Gália e no século I d.C. o imperador Cláudio domina a Bretanha. Somente a Irlanda e o norte da Escócia (onde viviam os escotos) permaneceram fora da zona de influência do Império Romano.
Linguagem e cultura
As línguas célticas derivam de dois ramos indo-europeus do grupo denominado centum: o celta-Q (goidélico), mais antigo, do qual derivam o irlandês, o gaélico da Escócia e o dialeto da Ilha de Man, e o celta-P (galo-britânico), falado pelos gauleses e pelos habitantes da Bretanha, cujos descendentes modernos são o galês (do País de Gales) e o bretão (na França).
Encanto de Boadicéia, jóia em estilo celta
Uma vez que os povos celtas não possuíam escrita e difundiam o conhecimento apenas por via oral e não escrita, as informações que temos sobre eles foram obtidas principalmente através do testemunho dos romanos durante as invasões à Bretanha. Isto não nos permite traçar um quadro mais completo e imparcial do que foi a realidade quotidiana desses povos.
As manifestações artísticas célticas possuem marcante originalidade, embora denotem influências asiáticas e das civilizações do Mediterrâneo (grega, etrusca e romana). Há uma nítida tendência abstrata na decoração de peças, com figuras em espiral, volutas e desenhos geométricos. Entre os objetos inumados, destacam-se peças ricamente adornadas em bronze, prata e ouro, com incisões, relevos e motivos entalhados. A influência da arte celta pode ser percebida até mesmo nas iluminuras medievais irlandesas.
Alguns estereótipos modernos e contemporâneos foram associados à cultura dos celtas, como imagens de guerreiros portando capacetes com chifres e ou asas laterais (vide o famoso Asterix), comemorações de festas com taças feitas de crânios dos inimigos, entre outros. Essas imagens fantasiosas se devem em parte ao pouco conhecimento arqueológico sobre os celtas durante o século XIX.
Organização social
A unidade básica de sua organização social era o clã, composto por famílias aparentadas que partilhavam coletivamente suas terras agrícolas, mas que mantinham a posse individual do gado.
O Gaulês Agonizante, uma das imagens mais clássicas sobre os celtas
Com base em estudos efetuados na Irlanda, determinou-se que sua organização política era dividida em três classes: o rei, os nobres e os homens livres. Os servos, artesãos, refugiados e escravos não possuíam direitos políticos. A esta estrutura secular, agregavam-se os sacerdotes (druidas), bardos e ovados, todos com grande influência sobre a sociedade.
Em Portugal, os povoados castrejos do tipo citanience apresentam características similares às dos povoados celtas. Novas perspectivas sobre a celtização do NO de Portugal e a identidade étnica dos Callaeci Bracari em J. M. Coutinhas (Porto, 2006: ver bibliografia). A citânia de Briteiros é assim um exemplo de um povoado com caracteristicas celtas conforme relata Cardozo (1990): "A citânia de Briteiros pode, pois, considerar-se um povoado de tradições céltica, sendo, porém, necessário tomar esta designação no seu sentido lato:isto é - seria o local de habitação das numerosas tribos celtizadas (celtici) [...]". Da mesma forma, Tongóbriga, situada na freguesia de Freixo e território dos Callaeci Bracari.
Religião
A religião celta era politeísta com características animistas, sendo seus ritos quase sempre realizados ao ar livre. Discute-se ainda hoje se algumas de suas cerimônias envolviam sacrifícios humanos. O calendário anual possuía várias festas místicas, como o Imbolc e o Belthane, assim como Equinócios e Solstícios.
Com a assimilação por Roma, os deuses celtas perderam suas características originais e passaram a ser identificados com seus correspondentes e similares romanos. Posteriormente, com a ascensão do Cristianismo, a Velha Religião foi sendo gradualmente abandonada, sem nunca ter sido totalmente extinta.
Atualmente existem movimentos de resgate cultural e adaptação aos novos tempos que buscam as origens de suas crenças no paganismo antigo, sendo alguns de seus principais representantes a wicca e os neo-druidas, que embora contenham alguns elementos celtas não são célticos nem representam a cultura do povo celta.
A wicca tem sua origem na obra de ocultistas do século XX, como Gerald Brousseau Gardner e Alesteir Crowley. Já o neo-druidismo não tem uma fonte única, sendo uma tentativa de reconstruir o druidismo da Antigüidade, tendo sua estruturação sido iniciada em sociedades secretas da Grã-Bretanha a partir do século XVIII.
Mitologia
São riquíssimas as narrativas mitológicas célticas, principalmente aquelas transmitidas oralmente em forma de poema, como "O Roubo de Gado em Cooley". Nesta, o herói irlandês Cú Chulainn enfrenta as forças da rainha Maeve para defender o seu condado. Outra narrativa, do Livro das invasões (Lebor Gabala Erren), conta a lenda dos filhos de Míle Espáine, e o seu trajecto até finalmente chegarem à Irlanda. Outros legados dos celtas são as histórias do ciclo do Rei Artur da Inglaterra e contos de fadas, como por exemplo, Chapeuzinho Vermelho.
Fonte: pt.wikipedia.org
Celtas
Aquele povo nórdico mantinha uma vida simples se comparada com a do mundo civilizado atual, e primava pela utilização das forças telúricas em todos as suas atividades, expressas basicamente através de ritos propiciatórios. Consideravam a natureza como a expressão máxima da Deusa Mãe. A divindade máxima era feminina, a Deusa Mãe, cuja manifestação era a natureza, por isso a sociedade celta embora não fosse matriarcal mesmo assim a mulher era soberana no domínio das forças da natureza.
Na realidade a corrente migratória atlante direcionada para a Europa Ocidental não primou pelo desenvolvimento tecnológico, ela não deu prosseguimento, por exemplo, à utilização ao desenvolvimento da ciência dos cristais como fonte de energia. Preferiram a utilização da energia inerente aos canais das forças telúricas mais simples (nesta palestra queremos dizer que nossa descrição teve mais como base a terminologia chinesa, mas vale agora dizer que tudo o que a geomância atual diz já era sobejamente conhecida dos Celtas que, por sua vez herdaram tais conhecimentos dos seus ancestrais remotos, os Atlantes que tinham grande domínio sobre tais conhecimentos), e mesmo assim de uma maneira não tecnológica.
Os celtas entendiam que a terra comporta-se como um autêntico ser vivo, que nela a energia flui tal como nos meridianos de acupuntura de uma pessoa. Eles sabiam bem como se utilizarem de meios de controlar essa energia em beneficio da vida, das colheitas e da saúde.
O grande desenvolvimento dos celtas foi no campo do como manipular a energia sem o envolvimento de tecnologia alguma, somente através da mente. Enquanto outros descendentes da Atlântida usaram instrumentos os migraram para o oeste europeu, dos quais bem tardiamente surgiu como civilização celta, usaram apenas pedras, na maioria das vezes sobe a forma de dolmens de menhires. Geralmente pedras eram usadas como meios para o desvio e canalização de energia. As construções megalíticas eram drenadores, condensadores e drenadores de energia telúrica, com elas os descendentes da Atlântida criavam "shunts" nos canais de força telúrica, desviando-a para múltiplos fins.
Os Celtas chegaram a ter pleno conhecimento de que as forças telúricas podiam ser controladas pela mente, que a energia mental interagia com outros campos de forças, e que a energia mental podia direcionar aos canais, ou até mesmo gerar canais secundários de força. Sabiam o que era a energia sutil, e que podiam aumentá-la de uma forma significativa mediante certos rituais praticados em lugares especiais. Para isto escolhiam e preparavam adequadamente os locais ideais para suas cerimoniais religiosas.
A realização dos festivais celtas não se prendia somente à localização, também tinham muito a ver com a época do ano, com determinadas efemérides, por isto ocorriam em datas precisas, ocasiões em que as forças cósmicas mais facilmente interagiam com as forças telúricas.
Os celtas sabiam que a energia telúrica sofria reflexões e refrações ao tocar coisas materiais, tal como ensina atualmente o Feng Shui, por isto é que eles praticavam seus rituais religiosos totalmente despidos. Isto não tinha qualquer conotação erótica, era antes um modo para a energia não ser impedida ou desviada pelas vestimentas.
Também tinham conhecimentos de como viver em harmonia com a terra, da importância de manterem a terra sadia, assim sendo evitavam mutilá-la inutilmente e até mesmo da importância de tratá-la. Tal como um acupunturista trata uma pessoa quando o fluxo de energia não esta se processando de uma forma adequada, da mesma forma eles procediam com relação à "Mãe Terra".
Estabeleciam uma interação entre a energia a nível pessoal com a energia a nível planetário e também a nível sideral.
É todo esse conhecimento que está sendo liberado progressivamente. Agora que o homem moderno está começando a compreender que a terra foi dilapidada, atingida em sua integridade precisa urgentemente ser tratada vêm ressurgindo conhecimentos antigos, espíritos aptos estarão encarnando na terra para desenvolverem métodos precisos visando à correção dos males provocados. Assim é que estamos vendo o desenvolvimento da Radiestesia, da Rabdomância, do Feng Shui e de outras formas de atividades ligadas às energias que fluem na terra. Os princípios preconizados pela Permacultura serão aceitos progressivamente e a humanidade passo a passo irá se integrando a um sistema de vida holístico.
Na realidade não se pode falar de religião céltica sem se falar da religião druídica, por isto a partir da próxima palestra entraremos sobre que e quem eram os Druidas, assim como exerciam suas cerimônias religiosas.
Os cerimoniais célticos tinham um conteúdo "mágico" bem mais intenso que os druídicos pois neles havia uma comunhão muito grande entre o homem e a natureza. Esse lado mágico e mais ainda o exercido de alguns rituais com os participantes despidos foi motivo de escândalo para os católicos que os viram pela primeira vez.
O catolicismo primitivo, tal como um furacão devastador apagou tudo o que lhe foi possível apagar no que diz respeito aos rituais célticos, catalogando-os de paganismo, de cultos imorais e tendo como objetivo a adoração da força negativa. Na realidade isto não é verdade, os celtas cultuavam a Mãe Natureza. Mas, bastaria isto para o catolicismo não aceitar a religião celta, pois como aquela religião descendente do tronco Judaico colocava a mulher como algo inferior, responsabilizando-a pela queda do homem, pela perda do paraíso. Na realidade o lado esotérico da religião hebraica baniu o elemento feminino já desde a própria Trindade. Como já dissemos em outros temas, todas as Trindades das religiões antigas continham um lado feminino, somente não a hebraica.
A Igreja Católica, derivada do hebraísmo ortodoxo, também mostrou ser uma religião essencialmente machista e como tal lhe era intolerável à admissão de uma Deusa Mãe, mesmo que esta simbolizasse a própria natureza.
Mesmo que o Catolicismo assumisse uma posição machista isto não foi ensinado e nem praticado por Jesus. Ele na realidade valorizou bem a mulher e, por sinal, existe um belíssimo evangelho apócrifo denominado "O Evangelho da Mulher". Também nos primeiros séculos do Cristianismo a participação feminina era bem intensa. Entre os principais livros do Gnosticismo dos primeiros séculos, conforme consta nos achados arqueológicos da Biblioteca de Nag Hammadi consta o Evangelho de Maria Madalena mostrando que os evangelistas não foram apenas pessoas do sexo masculino.
Na realidade Jesus apareceu primeiro às mulheres, e segundo o que está escrito nos documentos sobre o Cristianismo dos primeiros séculos, via de regra, por cerca de 11 anos depois da crucificação Jesus continuou a ensinar e geralmente fazia isto através da inspiração, algo como mediunidade, e isto acontecia bem mais freqüentemente através das mulheres.
Sabe-se que o papel de subalternidade do lado feminino dentro do Cristianismo foi oficializado a partir do I Concilio de Nicéia no ano 325. Aquele concílio, entre outras intenções visou o banimento da mulher dos atos litúrgicos da igreja. Ela só podia participar numa condição de subserviência. O catolicismo que nasceu da ala ortodoxa do Cristianismo primitivo que continha em seu bojo a influência judaica no que diz respeito à marginalização da mulher no exercício das atividades sacerdotais.
Por isto, e por outras coisas, as autoridades católicas não podiam tolerar o celtismo, cuja religião era mais exercida pelas mulheres. Existam as sacerdotisas que exerciam um papel mais relevante que a dos sacerdotes e magos. Naturalmente os celtas eram muito apegados à fertilidade, ao crescimento da família e ao aumento da produção dos animais domésticos e dos campos de produção e isto estava ligado diretamente ao lado feminino da natureza. Também a mulher é mais sensitiva do que o homem no que diz respeito às manifestações do sobrenatural, do lado mágico da vida, portanto é obvio que elas canalizassem mais facilmente a energia nos cerimoniais, que fossem melhores intermediárias nas cerimônias mágicas. Assim é que o elemento básico da Wicca não tinha como base primordial o homem e sim na mulher, cabendo àquele a primazia nos assuntos não religiosos.
Fonte: users.hotlink.com.br
Celtas
A MULHER NA SOCIEDADE CELTA
A base da sociedade celta é a família no sentido extenso da palavra, comparável ao que foi observado nas cidades gregas e romanas. Essa família se chama "fine" entre os antigos gaélicos, e se observará que dito nome procede da mesma raiz que "Gwynedd", nome do noroeste do País de Gales, e da palavra "veneti", nome do povo gaulês que habitava o país de Vannes, Gwened em bretão.
Quando a família está completa, na Irlanda, toma o nome de "deirbhfine", e compreende quatro gerações, do pai, que recebe o nome de "senn-fine" (cabeça ou chefe da família), aos filhos do sobrinho. Mas além desse parentesco, se produz uma migração e se constitui uma nova família, com uma participação obrigatória dos bens anteriormente comuns.
Muitos "fine" se agrupam em uma tribo, a "tuath", que é a base da célula política da Irlanda. A "tuath" tem a particularidade de ser auto-suficiente: possui sua hierarquia social bem determinada, que vai do chefe ao rei (ri), os escravos, os bens comunitários, seus regulamento e inclusive seus Deuses.
A conseqüência dessa quase autarquia da "tuath" no plano da história dos celtas é bastante destacável, pois explica a impossibilidade da unificação política. Os celtas não sentiram jamais a necessidade de agrupar-se em amplas e complexas políticas, já que a "tuath" era um todo, podia regular-se por si mesmo.
Os celtas não tinham noção de estado como os romanos, para os quais, a noção de estado, quase totalitário, representava a base de todo seu pensamento e de suas atividades. Por isso, no plano prático, isso conduziu os celtas à catástrofes, entre as quais foi o seu desaparecimento do jogo político europeu.
Na vasta compilação chamada "Livro dos Direitos", escrita por ordem de Cormac Mac Cuilennain, rei-bispo de Cashel, em 903, compreendemos facilmente a origem desses costumes. Todo sucedeu como se os gaélicos houvessem sonhado com uma sociedade ideal e houvessem tentado aplicá-la em uma terra pastoril, pouco propícia a cultura. Entretanto, embora a sociedade gaélica fosse pastoril, os gaélicos são sedentários, solidamente implantados em diferentes regiões da Irlanda. Só nas fronteiras existiam "tuatha" móveis.
A diferença da sociedade romana baseada na possessão de terra por um ou por muitos titulares, a sociedade celta, sobretudo entre os gaélicos, se baseia na possessão comunitária da terra, indicando uma organização totalmente organizada para a criação de rebanhos.Como os germanos e os latinos, a moeda mais antiga era o gado, considerado como a única base da riqueza.
Por isso, o modelo de contrato feudal, que encontramos na Irlanda é um contrato de gado. Teoricamente, a terra é propriedade do estado, propriedade comum e indivisível. O rei é o magistrado eleito pela comunidade, encarregado pela administração e que pode autorizar um membro qualquer da "tuath" a trabalhar com vistas ao bem comum, ou ocupar determinado território para estabelecer sua morada ou plantar a terra. Porém, ao fazê-lo, o rei não atua como um soberano feudal. Porém, a maioria das vezes, não é a terra, ou a simples autorização de estabelecer-se em um território, que recebe o membro da "tuath", e sim cabeças de gado. Sobre ele repousa o sistema feudal celta. O tomador recebe do arrendador uma ou muitas cabeças de gado e contrai assim, obrigações com esse último, obrigações que um contrato firmado ante um druida (ou sacerdote na época cristã) estipulado com precisão.
Todos aqueles que recebiam gado eram pois, "ipso facto", englobados na hierarquia social, em graus diversos segundo a importância de cada um. Existiam as classes dos servos e dos homens livres. Os homens livres compreendiam desde o rei até o mais humilde camponês. Servos e homens livres constituíam, em caso de contrato de gado, os "ambactoi", cujo sentido é "servidores".
Esse contrato de gado, que se manteve por muito tempo na Irlanda, explica o por quê as mulheres, que podiam possuir rebanhos, não estavam excluídas e gozavam, pois, de uma situação diferente das mulheres das sociedades baseadas no direito exclusivo da terra.
Aspecto Jurídico e Social
Na sociedade celta, segundo um grande número de testemunhos, a mulher tinha o direito de escolher seu marido e portanto, não poderia casar-se sem seu próprio consentimento.
Quando havia uma jovem na idade de casar-se, se organizava uma grande festa, para qual eram convidados todos os jovens. A moça elegia seu marido, oferecendo-lhe água para lavar as mãos. Segundo as mais antigas leis galas, as de Gwynedd, as jovens podiam casar-se com a idade de 12 anos.
Muito embora, essa eleição por parte da jovem, não quer dizer que seus parentes estejam ausentes no contrato de casamento. Não há o que duvidar que a célula base é a família. Existe, portanto, um acordo entre famílias e ele conduz a um casamento que será exclusivamente de regime dotal, seja qual for a classe social que pertençam os nubentes.
Todo homem celta que desejava casar-se, deveria pagar uma certa soma, e a mulher, por sua vez, também deveria dar o mesmo montante. Todos os anos, se faziam as contas da fortuna das partes. Se guardava os frutos conseguidos, e o marido superveniente desfrutará da parte que é sua, aumentado com tudo que conseguir posteriormente. Porém, no caso do desaparecimento do marido, a mulher não herda do falecido, toma tão somente a sua parte e adicionando os frutos em comum. O mesmo ocorre se o homem ficar viúvo.
O homem que, na Irlanda, deseja casar-se com uma mulher, deve abonar obrigatoriamente um direito de compra, o "coibche". Esse "coibche" está destinado ao pai da prometida se essa se casar pela primeira vez. Porém se sua filha se casa pela segunda vez, o pai não receberá mais do que dois terços da soma, e o terço restante irá para a filha. Se essa se cassasse pela terceira vez, o pai ficaria com a metade e assim sucessivamente. Ao vigésimo primeiro casamento da filha, o direito do pai se extingue. Quando o pai está morto, é o irmão, em princípio, o mais velho, que tem direito a metade da compra da prometida pelo futuro marido.
Porém, apesar da compra, desse "coibche", a mulher irlandesa não entrava na família do marido, como acontecia com a mulher romana. A mulher casada romana, por "coemptio", caía em "manu amriti", pertencia a família do marido e deixava de ser proprietária. A mulher irlandesa continua possuindo seus bens, entretanto, se ficar viúva, não era ela que recebia a compensação devida e sim a família do marido. Se ela, entretanto, volta a casar, se repartirá o novo "coibche" com sua própria família. Se afirma, desse modo, por via legal, uma independência grande da mulher casada.
A mulher irlandesa levava para o casamento seu dote, "tinnscra", que era um conjunto de obséquios que lhe outorgam seus parentes. Dito dote é propriedade pessoal, pois no caso de dissolução do casamento, por divórcio ou desejo conjugal, ela o recobra integralmente, ao mesmo tempo que sua liberdade.
No País de Gales, o método seguido era o mesmo. O homem satisfazia o preço de compra da mulher, o "gobyr", que era equivalente ao "coibche". A mulher leva o dote, "argweddy, que era igualmente pessoal. Porém o marido, ou a família desse, deveria pagar por outra parte o "cowyll", ou seja, o preço da virgindade. Deve-se dizer que esse "cowyll" se pagava antes da primeira noite, enquanto que em Roma e entre os germanos, não se outorgava senão no dia seguinte a noite das bodas, de onde deriva seu nome técnico de "morgengabe". Essa diferença de dia de pagamento, demonstra o respeito que os celtas tinham pela mulher, enquanto que os romanos e germanos e, a sua retaguarda, os cristãos, fizeram dela um ser hipócrita e enganosa.
O divórcio entre os celtas era muito comum, inclusive na época cristã. Ele se deve, em primeiro lugar, justamente porque o casamento não tinha caráter sagrado, tratava-se tão somente de um contrato submetido à cláusulas: se essas cláusulas não fossem respeitadas, o contrato seria anulado.
Não eram realizadas grandes cerimônias para um casamento. A literatura gaulesa e irlandesa não mencionam mais do que um festim para consumar o casamento. O matrimônio celta aparece como uma espécie de união livre protegida pelas leis e sempre possível de se romper. E, no divórcio celta, o homem e a mulher estão situados em um plano de estrita igualdade.
Uma segunda razão que explica a facilidade do divórcio e a relativa fragilidade do casamento, é o os celtas admitiam a monogamia, a poligamia e inclusive a poliandria (matrimônio coletivo). Foi César que afirmou que certas tribos bretãs praticavam uma espécie de poliandria (matrimônio coletivo).
O que podemos assegurar, é que existiu entre os celtas a poligamia, pois em uma época de sua história, encontramos a instituição do concubinato legal. Todo homem, inclusive o casado, podia ter uma ou mais concubinas. A origem se encontra na presença de um verdadeiro contrato, mediante o qual o homem compra a concubina, a "ben urnadna" (esposa por contrato). Porém, o mais importante é que a compra tem a validade de um ano, podendo renovar-se o contrato só no final do prazo. Essa cláusula denota mais uma vez a preocupação dos legisladores celtas por salvaguardar a liberdade da mulher: a doutrina do "habeas corpus", característica do direito anglo-saxão, parece aplicar-se nesse âmbito concreto. Se o contrato durasse um ano e um dia, a concubina, ao concluir o período, pertenceria ao homem, em virtude do usucapião: o homem teria direita a revender a concubina e de ficar com o dinheiro da dita venda, em detrimento da concubina e dos pais desta. Desse modo, a concubina recuperava obrigatoriamente a liberdade.
Devemos ainda acrescentar, que o concubinato, ou matrimônio anual, na Irlanda expirava em um dia que correspondia a uma grande festa pagã.
De qualquer forma, o concubinato legal do homem não prejudicava em nada os direitos da esposa legítima, que era a única que recebia o título de esposa e podia mandar na concubina ou concubinas de seu marido que a ajudavam nas tarefas domésticas. Por outro lado, a esposa poderia impedir a presença de uma concubina em sua residência familiar. Se o marido passasse por cima dela, sempre podia divorciar-se. Segundo a lenda da Santa Brigida de Kildare, podemos citar o caso do druida Dubtach, que havia comprado uma concubina e a havia deixado grávida. A esposa legítima que não admitiu o feito, ameaçou divorciar-se se Dubtach não se separasse da concubina. Ao divorciar-se, ela recuperava não só seu "coibtche", preço de compra, como também seu pecúlio, seu "tinnscra". A ameaça fez com que o druida repensasse seu ato e acabou se separando de sua concubina para conservar sua legítima esposa, juntamente com os bens que essa possuía.
COM QUEM FICA O PODER FAMILIAR?
Na sociedade celta, o homem era o cabeça da família, mas nem sempre é a cabeça do casal. As leis irlandesas apresentam três aspectos bem distintos em relação à situação matrimonial e, segundo cada caso, o papel da mulher ou do homem podem trocar completamente. Quando a esposa, a "cetmunter", tem a mesma fortuna e o mesmo nascimento do marido, estará em um plano de completa igualdade. Pode estabelecer, por sua própria autoridade, qualquer contrato que presuma vantajoso. O consentimento do marido só é necessário em caso de um contrato ser considerado desfavorável. Do mesmo modo, a mulher tem o direito de exigir a anulação de todos os contratos desfavoráveis estabelecidos por seu marido e que comprometa sua própria fortuna.
Quando a esposa é inferior pela classe que ocupa, e, sobretudo, se sua fortuna é inferior a de seu marido, seus direitos se reduzem muito. Aqui explica-se a origem da famosa disputa da rainha Maeve e do rei Ailill, que deu início a grande narração "Tain Bo Cualnge", disputa que gira em torno da apreciação de suas respectivas fortunas, e que têm como conseqüência uma guerra inexplicável por Maeve para apropriar-se de um toro que valia mais que o touro de seu marido.
Já se, a mulher possui uma fortuna maior que seu marido, ela é a cabeça da família, sem contestação possível. A autoridade do marido é quase nula. Recebe o nome de "fer fognama", ou seja, "homem serviçal", ou também "fer for ban thincur", "homem embaixo do poder de uma mulher". Em numerosas narrações épicas, é a situação do rei Ailill, que não pode dizer absolutamente nada contra as decisões da rainha Maeve. Tal estado das coisas é uma situação privilegiada para a mulher casada, não só dona de seu próprio destino, como também do destino do homem. Sem dúvida alguma, se trata da reminiscência de um estado social anterior, onde a mulher desempenhava na vida familiar e política um papel bem mais importante (época do matriarcado).
A reminiscência desse matriarcado primitivo, aparece em um velho costume que encontramos na literatura irlandesa e gaulesa: nomear os heróis segundo o nome de sua mãe e não de seu pai. Sendo assim, o rei Conchobar também recebeu o nome de "filho de Ness"; Gwydyon e Ariannrod são "o filho e a filha de Don"; Setanta-Cuchulainn é o "filho de Dechtire. Parece que aí há uma sucessão matrilineal, que os narradores não puderam suprimir.
OUTRAS IMPORTANTES ATIVIDADES FEMININAS
Além disso, as mulheres casadas tinham acesso a diversas funções. Segundo testemunhos, elas participavam na celebração da missa (período cristão), prática denunciada pelos bispos continentais. Existiam também, mosteiros mistos, de homens e mulheres, como o fundado em Kildare pela célebre santa Brigida sobre o templo pagão, onde as mulheres vigiavam um fogo que não podia apagar-se, algo que recorda as Vestais romanas.
Mas, as mulheres celtas não se limitavam somente a essas funções quase sacerdotais, mas desempenhavam ainda, um importante papel na educação das crianças e dos jovens. Sabemos que existiu um costume bastante singular, qualificado pelo nome de "fosterage": que se tratava de enviar as crianças para fora de sua família natural, à casa de um "fosterer" que se encarregaria de alimentá-lo e criá-lo, até ao ponto que os laços que unem o pai nutridor e o filho adotivo, sejam tão fortes como os entre o verdadeiro pai e o filho. Entretanto, não só criavam vínculos entre a criança e os pais adotivos, mas como também entre todos aqueles que se criavam juntos.
Na literatura irlandesa existem inumeráveis exemplos desse tipo de situação, em que irmãos de leite e irmãs de leite estão ligados entre eles por obrigações mais importantes do que as provocadas pela fraternidade natural.
Mas tão somente a instituição "fosterage", não basta para a educação de um jovem guerreiro. Ao entrar para a adolescência, deveria deixar seus pais adotivos e iniciar-se nos ofícios das armas junto com mulheres guerreiras extremamente misteriosas, estabelecidas no norte da ilha da Bretanha, no territórios dos pictos.
Na Irlanda, a narração da "A Educação de Cuchulainn" e da "Infância de Finn", são as mais significativas sobre esse ponto de vista. No País de Gales, a narração de Peredur, arquétipo da "Busca do Graal", proporciona detalhes arcaicos referentes a esse costume.
Essa tradição literária, coincide com a visão que tinham os autores da antiguidade clássica das robustas gaulesas, sempre dispostas ajudar seus maridos nas guerras ou em disputas. Segundo Diodoro de Sicilia (V, 32): "entre os gauleses, as mulheres são quase da mesma estatura que os homens, com os quais rivalizam em coragem".
Outro aspecto dessas mulheres guerreiras, educadoras, militares e bruxas, é o de iniciadora sexuais. Essa curiosa instituição guerreira, aparece também como uma espécie de prostituição mais ou menos sagrada. É a concreta indicação, mais uma vez, que a liberdade sexual entre os celtas era muito grande, pois tanto as leis como os textos literários não marcados pelo Cristianismo, não existiam tabus sexuais.
A fragilidade do casamento é uma prova absoluta disso. A prática do concubinato também. Qualquer homem, casado ou não, podia contratar um desses famosos matrimônios anuais. A mulher que aceitava esse tipo de situação, não sofria nenhum constrangimento perante à sociedade, bem ao contrário. A sociedade celta, antes do Cristianismo, jamais conheceu a noção de pecado: com mais razão não a encontrou na sexualidade.
É justamente a liberdade sexual que explica em grande parte a importância da Mulher na sociedade celta. Ao não ser considerada um objeto de "pecado" e não ser um ser "frágil" em uma sociedade mais pastoril e guerreira do que agrícola, só podia ter salvaguardado um grande parte o papel que havia ocupado em épocas posteriores.
A sociedade celta se encontrava na metade do caminho entre as sociedades do tipo "paternalistas", agrícolas e estruturadas segundo a posse da terra por parte do pai de família, e as sociedades chamadas de "matriarcado", nas quais as mães, ou a mulher em geral, segue sendo o vínculo fundamental da família e o símbolo da fertilidade.
A mulher celta, tanto a irlandesa como a bretã, desfrutavam de sua liberdade, desfrutavam de direitos, conseqüência de sua classe social ou de sua fortuna pessoal, que lhe permitia converter-se em chefe de família, que podia reinar, que podia ser profetisa, maga, educadora, que podia casar-se ou permanecer "virgem", que podia herdar uma parte de seus bens de seu pai e de sua mãe.
Acho que ainda nos serão necessários alguns séculos para que as mulheres recuperem todos esses direitos e privilégios perdidos por nossas ancestrais. Por enquanto, só nos resta estudar sobre a imagem ideal da mulher, tal qual como ela já foi imaginada não só pelas mulheres, mas também pelos homens.
Fonte: www.rosanevolpatto.trd.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário.