sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

A Pedagogia do Afeto na Educação do Espírito


O afeto é um dos pilares do desenvolvimento humano saudável. Uma habilidade que abre largas portas para a entrada do Amor, porque ser afetivo é laborar com o sentir. Diríamos assim que a afetividade é um degrau para o Amor. Afeto é uma força da alma de incalculável poder. Por essa razão, especialmente nesse tempo de materialismo e do império da razão, nossas casas de Amor devem fixar-se na função social reeducativa do sentimento, aprimorando-se cada vez mais para honrar o título de escola da alma, desenvolvendo pessoas felizes, realizadas, dignas e solidárias.

Aprender a amar é, pois, a competência essencial que deveria fundamentar quaisquer conteúdos de nossas escolas espirituais. Aprender a amar o próximo, aprender a amar a si e aprender a amar a Deus.

E como ensinar o Amor no centro espírita? É preciso contextualizar o conteúdo espírita abstraindo o excesso de informações e trazê-lo para a realidade de seu grupo, priorizar respostas, soluções, discutir vivências, refletir sobre horizontes novos de velhos temas do viver, reinventar a vivência em direção aos apelos da consciência, propiciar à criatura externar sonhos, limitações e valores já conquistados, fazendo da sala de estudos espíritas um laboratório de ideias na ampliação da capacidade de pensar com acerto, lógica e bom senso. Isso se chama educar.

A pedagogia do ser prioriza o homem, sua experiência pessoal, o relacionamento humano, tendo como pólo de atração o idealismo, possibilitando que as casas espíritas criem grupos que se amam e se querem bem.

Aprender a amar, portanto, é essencial para cada um, mas é preciso ter consciência que amar é uma aprendizagem e que conviver é uma construção. Não existe Amor ou desamor à primeira vista, e sim simpatia ou antipatia. Amor não pode ser confundido com um sentimento ocasional e especialmente dirigido a alguém. Devemos entender o amor com o Sentimento Divino que alcançamos a partir da conscientização de nossa condição de operários na obra universal, um “estado afetivo de plenitude”, incondicional, imparcial e crescente.

Ninguém ama só de sentir. Amor verdadeiro é vivido. O atestado de Amor verdadeiro é lavrado nas atitudes de cada dia. O Amor é crescente no tempo e uniforme no íntimo, não tem hiatos. Amor não é empréstimo Divino para o homem e sim aquisição de cada dia na aprendizagem intensiva de construir relacionamentos propiciadores de felicidade e paz. E esse sentimento sublime carece aprendizagem, somente um recurso poderá promover semelhante conquista: a educação.

A meta maior do Espiritismo é o melhoramento da humanidade, a educação integral do homem bio-sócio-psíquico-espiritual. Allan Kardec, influenciado pelo educador Pestalozzi, declarou em O Livro dos Espíritos (comentário a p. 917) que “a educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral”. Educação harmônica do ser, que implica fazer crescer o intelecto, o afeto e a ação, não sendo demais afirmar que a coerência entre pensar, sentir e fazer, respondem pelo equilíbrio integral do ser. Em resumo, poderíamos afirmar que educação é transformar impulsos e desenvolver potencialidades.

A partir destes conceitos, verificamos o centro espírita e sua importância como educandário do Amor face à didática estimuladora de conhecimentos e da vivência através da ampliação do saber e de transformação do caráter. Neste sentido, a fraternidade, expressando a síntese das virtudes cristãs, é a meta ética de todo o corpo filosófico e científico do Espiritismo.

Nos programas doutrinários para a educação do afeto nas relações, destacamos algumas importantes lições a serem estudadas e exercitadas: (1) conhecer os sentimentos; (2) adquirir o controle sobre as reações emocionais; (3) saber conviver harmoniosamente com os sentimentos maus; (4) saber revelar seus sentimentos com assertividade; (5) exercitar a sensibilidade e (6) expressar o afeto na convivência.

O centro espírita pode oportunizar a valorosa e preenchedora experiência do Amor auxiliando o homem na reeducação de suas tendências, no conhecimento de si, no exercício da solidariedade material e relacional e na supressão do personalismo, que permitirá o potencial afetivo dirigido a realizações nobres e gratificantes. Caridade! O melhor exercício para a sensibilidade.

Como identificar a qualidade das relações afetivas na casa espírita? Eis alguns indicadores interessantes: (1) motivação do espírito de equipe; (2) valorização da capacidade cooperativa de qualquer pessoa; (3) promoção através da delegação, criando o policentrismo sistêmico; (4) investimento na capacitação do trabalhador como pessoa e ser social e (5) o ensejamento de realizações específicas para a revitalização do afeto em grupo.

Carlos Pereira
Adaptação do livro Laços de Afeto, Ermance Dufaux, psicografia de Wanderley Oliveira.
Este site não produz e não tem fins lucrativos sobre qualquer uma das informações nele publicadas, funcionando apenas como mecanismo automático que "ecoa" notícias já existentes. Não nos responsabilizamos por qualquer texto aqui veiculado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário.