Em tudo que fazemos afetamos as pessoas de três modos: alteramos o seu tempo, a sua memória e as suas reações.
Os mínimos comportamentos podem interferir na História da Humanidade.
Quando um índio, em uma tribo isolada da Amazônia, abate um pássaro, ele afeta a História.
O pássaro não porá ovos, que não serão chocados e não gerarão descendentes. Isso afetará o consumo das sementes, dos predadores e toda a cadeia alimentar.
Afetará o ecossistema, a biosfera terrestre. A ausência do pássaro abatido afetará o processo de observação dos biólogos, interferindo em suas pesquisas, seus livros, sua universidade e sua sociedade.
Quando um aluno tem problemas na leitura, perante uma classe e é obrigado a repetir, muitas vezes, o mesmo trecho, sob o deboche dos colegas, registra a experiência.
Isso pode se transformar em um bloqueio da sua inteligência. Pode gerar gagueira, insegurança, afetando de forma drástica seu futuro como pai e como profissional.
Eventualmente, poderá nunca mais conseguir falar em público.
Uma pessoa que se suicida altera o tempo dos amigos e dos parentes.
Ele despedaçará a emoção e a memória deles. Terão lembranças tristes, pensamentos perturbadores que afetarão as suas histórias.
Consequentemente, cada um deles interferirá na história de outras pessoas, alterando o futuro da sociedade.
Quando Hitler se mudou para Viena, em 1908, tinha o objetivo de se tornar um pintor.
Rejeitado pelo professor da Academia de Belas Artes, ele teve afetada a sua afetividade, a sua emotividade.
Tudo isso influenciou sua compreensão do mundo, suas reações, sua luta no partido nazista, sua prisão e seu livro.
O processo interferiu na Segunda Guerra Mundial, afetando a Europa, o Japão, a Rússia, os Estados Unidos.
Os rumos da Humanidade foram alterados.
É possível que, se Hitler tivesse sido aceito na Escola de Belas Artes, tivéssemos um artista plástico medíocre. Mas não um dos maiores sociopatas da História.
Não que a sociopatia de Hitler seria resolvida pelo seu ingresso nas artes, mas poderia ter sido abrandada. Ou até mesmo deixado de se manifestar.
Não somos uma ilha. Somos uma grande família. Uma única espécie.
Dessa forma, cada um de nós é responsável, em maior ou menor proporção, pela violência do mundo, pelo terrorismo, pela fome.
O que fazemos influencia as pessoas que influenciam outras, que alimentam os sistemas e desencadeiam reações.
Somos mutuamente afetados pelas reações uns dos outros.
Assistir a um filme, conversar com um amigo, elogiar alguém, promover um ato cívico, auxiliar a outrem, acolher uma criança, pode mudar pouco ou muito o curso de nossas vidas.
O que fazemos afeta a nossa vida e a de outras pessoas.
Pensemos, assim, em tudo que dizemos e façamos.
Em meio a um incêndio, podemos usar nosso verbo para acalmar as pessoas ou para aumentar o desespero.
Da nossa forma de agir poderão resultar muitas mortes ou muitas vidas salvas.
Pensemos nisso, antes de agir, no próximo minuto.
Somos responsáveis pelo mundo.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 11,
do livro O futuro da Humanidade – a saga de
Marco Polo, de Augusto Cury, ed. Sextante.
Em 27.4.2017.
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