sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Driblando a adversidade


A capacidade do ser humano de superar adversidades é inacreditável. E certos exemplos nos levam a acreditar que o ser humano ainda não descobriu tudo de que é capaz.

Também nos servem de exemplos para nossas próprias vidas. Um desses é o pianista João Carlos Martins.

Começou a estudar piano aos oito anos de idade. Após nove meses de aula vencia, com louvor, o concurso da Sociedade Bach, de São Paulo. Um prodígio.

Rapidamente ele desenvolveu uma carreira de pianista internacional. Tocou nas principais salas de concerto do mundo.

Dedicou-se à obra de Bach.

No auge da fama, sofreu um grande revés. Jogando futebol, sua outra paixão além da música, caiu sobre o próprio braço. O acidente o privou dos movimentos da mão.

Para qualquer pessoa, uma tragédia. Para ele, um desastre total. Mas não se deu por vencido.

Submeteu-se a cirurgias, dolorosas sessões de fisioterapia, injeções na palma da mão.

E voltou ao piano e às melhores salas de concerto. Com dor e com paixão.

Mas a persistência de Martins voltaria a ser testada. Anos depois, vítima de um assalto na Bulgária, foi violentamente agredido.

Como consequência, teve afetado o movimento de ambas as mãos.

Para recuperar as suas ferramentas de trabalho, voltou às salas de cirurgias e à fisioterapia.

Conseguiu voltar ao amado piano mais uma vez. Finalmente, em 2002, a sequela das lesões venceu. A paralisia definitivamente dominou suas duas mãos.

Era o fim de um pianista.

Afastou-se do piano, não da sua grande paixão, a música.

Aos sessenta e três anos de idade, ele foi estudar regência. Dois anos depois regeu a Orquestra Inglesa de Câmara, em Londres.

Em um concerto, em São Paulo, surpreendeu outra vez. Regeu a Nona Sinfonia de Beethoven, totalmente de cor.

Ele precisou decorar todas as notas da obra por ser incapaz de virar a página da partitura.

A plateia rompeu em aplausos.

Mas João Carlos Martins ainda tinha mais uma surpresa para o público, naquela noite.

Pediu que subissem um piano pelo elevador do palco. E, com apenas três dedos que lhe restaram, ele tocou uma peça de Bach.

A ária da quarta corda foi originalmente escrita para violino. É uma peça musical em que o violinista usa apenas a corda sol para executar a bela melodia.

Bom, Martins a executou ao piano com três dedos.

E, embora não fosse a sua intenção, a impressão que ficou no ar é que todos os presentes se sentiram muito pequenos ante a grandeza de João Carlos Martins.

* * *

Como Martins, existem muitos exemplos.

Criaturas que têm danificado seu instrumento de trabalho e dão a volta por cima, não se entregando à adversidade.

Recordamos de Beethoven, compositor, perdendo a audição e, nem por isso deixando de compor.

De Helen Keller, cega, surda, muda se tornando a primeira pessoa com tripla deficiência a conseguir um título universitário.

Tornou-se oradora, porta-voz dos deficientes, escritora.

Pense nisso e não se deixe jamais abater porque a adversidade o abraça.

Pense: você a pode vencer. Vença-a.

Redação do Momento Espírita, com base na
biografia de João Carlos Martins, colhida em
pt.wikipedia.org.wiki/João_Carlos_Martins.
Em 3.11.2017
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