E se a morte fosse apenas uma passagem, como um portal, para um outro ambiente, para outro local, onde tudo muda, porém continuamos a ser a mesma pessoa?
Analisando assim, a morte não seria o fim, o término, o ponto final. Apenas passagem.
E se a morte fosse apenas uma viagem? Dessas em que nos despedimos de quem vai para muito longe, sentimos saudades, lembramos sempre, sabendo que o outro está seguindo a vida.
Não nos desesperamos, só choramos baixinho de saudades, porque sabemos que não é uma viagem sem volta, ou uma partida sem reencontro.
Amanhã, também viajaremos, e nossos amores, nossos amigos, estarão no cais do porto para se despedirem e assistir ao nosso embarque.
Assim considerada, a morte não seria a separação sem fim, um destino incerto. Seria apenas uma viagem.
E se a morte fosse apenas uma mudança de casa? A mudança do vizinho amigo, que morava há anos ao nosso lado, e se foi...
É verdade que a casa permanece vazia, sem vida, sem alegria, porque ele não se encontra ali. Nossa amizade já não se faz no contato diário, nas conversas ao pé do muro.
Mas, sabemos que ele está em outro lugar, em outro local, em outra casa.
Pensando assim, a morte não seria o abandono, o desaparecer, o não existir. Apenas uma mudança.
E se a morte fosse o voltar para casa, depois de longa viagem, dessas onde se percorrem estradas, se visitam localidades, aprendem-se lições e vivências acontecem?
Então, o término da viagem seria a alegria do viajor que retorna para o lar, enquanto outros companheiros de viagem ainda têm trechos a percorrer.
Trechos que, logo mais, eles também concluirão e estarão conosco.
Por esse ângulo, a morte não seria a conclusão, o epílogo, o fechamento de uma história. Apenas o retomar da vida em outras paragens, para mais um capítulo.
* * *
Em verdade, assim é a morte: a mudança, a passagem, a transição, a viagem ou o retorno.
Mas, todos continuaremos. A vida prossegue tão ou mais pujante mesmo quando a consideramos encerrada.
Isso porque não somos o corpo físico, que um dia abandonaremos.
Ele é apenas a vestimenta física, em caráter de empréstimo pela Providência Divina, a fim de vivenciarmos as lições de que carecemos.
Concluído o que aqui viemos fazer, apartamo-nos dele, e prosseguimos a viver.
Por isso, a morte não deve se constituir na dor pungente do adeus. Apenas nas saudades do até logo.
Além disso, não permanecemos isolados totalmente de nossos amores que nos antecederam na saída do corpo.
Eles comparecem em nossos sonhos, nos visitam para amenizar as saudades, ou para nos aconselhar, ou nos atender em alguma circunstância.
Quantas vezes demonstram suas presenças invisíveis com um abraço caloroso, palavras doces, que nos levam a recordá-los, senti-los, emocionando-nos até às lágrimas?
Dessa forma, se as saudades nos apertam o coração, tenhamos paciência.
Não tarda o dia em que todos aportaremos no lado de lá, a fim de continuarmos a vida, sepultando definitivamente a morte.
Redação do Momento Espírita.
Em 24.3.2017.
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