quarta-feira, 29 de março de 2017

O silêncio também é uma opinião!


Atribui-se a William Shakespeare uma frase preciosa e profunda: “É melhor ser rei do teu silêncio que escravo das tuas palavras”. Tal raciocínio aponta que, a benefício nosso, calar-se é também um remédio para a alma.

Associamos à ideia de poder a necessidade de argumentar sobre algo. Não raro, nos consideramos donos da razão chegando a alegar que temos o direito de opinar e ainda exigindo respeito ao nosso ponto de vista. O mesmo não fazemos em relação ao outro; basta que ele opine algo para que já nos sintamos no dever de responder à altura e, mais que isso, calar-lhe com a nossa ideia.

Donde parte a presunção que nos assola, quando agimos desta forma? O que move essa pseudonecessidade nossa de opinar, argumentar, discordar e mesmo ser agressivos apelando para expressões chulas e vilipendiosas? Presunçosamente, talvez até igualando-me aos opinadores profissionais, diria tratar-se de uma excreção do pensamento egoísta advinda do eucentrismo, quando a criatura acha que tudo deve submeter-se ao seu modo de pensar.

Sabe-se que a palavra edifica, educa, consola e ampara, mas também o imediatamente contrário. Quantas discórdias, situações embaraçosas, embates e até mesmo guerras tiveram início nas palavras mal articuladas, estruturadas tão somente num sentimento de ódio, quiçá mesmo de covardia? Percebemos de modo muito particular o desespero da criatura humana em transferir para os outros, e para qualquer um, a causa de suas frustrações e, consequentemente, o fel de suas amarguras.

Quantos opinadores reclamando de preconceito e sentindo-se vítimas de um sistema quando, a bem da verdade, elas são as mais preconceituosas e psicologicamente desestruturadas, uma vez que ainda não conseguiram aceitar a si mesmas e esperam dos outros esse comportamento. Aliás, há quem veja cabelo em casca de ovo, quando, nunca tendo sido vítima de preconceito, toma a dor dos outros e ataca indiscriminadamente generalizando o comportamento de uns.

Sim o erro, a corrupção, o preconceito, a violência, o desrespeito e muitas outras aberrações comportamentais e mentomorais existem e devemos pesquisar, refletir e ter opinião sobre. O que não devemos é violentar consciência alguma, desrespeitar o outro que pensa e age diferente, julgar e condenar, execrar a quem quer que seja. Na pretensa ação de expor ponto de vista sobre um assunto, poderemos, ao final das contas, ser tidos como aqueles que contribuem para o mal-estar no mundo, uma vez que, ao invés de induzir o pensar e o refletir, conduzimos ao ódio e, o pior, à vingança.

Silenciar não é ser conivente, permissivo o irresponsável. Silenciar é um ato de coragem e estratégia do bem. Se me convenço de que algo não está correto, contribuo para sua transformação de modo prático e pontual, mas nunca o agravando levando uma discussão a níveis perturbadores. Expressar um ponto de vista na hora e da forma correta, após profundas reflexões sobre o que de fato acontece, nos credencia a pessoas em condição de credibilidade, uma vez que não é a mesquinhez que nos dirige, mas o pensar calcado num preceito básico de respeito ao próximo, como um desdobramento do pensamento de Jesus que pediu amássemo-nos uns aos outros e como ele nos amou, ou seja, com a verdade, com a opinião formada, mas nunca com a violência e a agressão.

Responder a um deboche com outro, uma agressão com outra, um preconceito com outro? Que fazemos nós de diferente? O próprio Jesus foi quem questionou isso; se só agimos em clima de paz e harmonia com quem assim o age conosco, o que nos torna diferente dos mesquinhos, irresponsáveis e preconceituosos?

Joanna de Ângelis[1] valida tal pensamento quando nos afirma: “A palavra, por exemplo, é um talento, que nem todos aplicam conforme deveriam, porquanto, através dela se produzem as rixas e as brigas, as intrigas e maledicências, as infâmias e as acusações, muitas vezes culminando em guerras infernais… quando a sua finalidade é exatamente o contrário”.

Segundo André Luiz[2], “acalmar-se é acalmar os outros… a palavra cruel aumenta a força do crime”. É preciso pontuarmos as questões sem darmos margem ao sensacionalismo e à crítica que é apenas mais do mesmo, ou seja, não constrói.

Emmanuel[3], por sua vez, explica o que Shakespeare quis dizer na frase do início desse texto, quando roga “não nos esqueçamos de que nossos pensamentos, palavras, atitudes e ações constituem moldes mentais para os que nos acompanham”. Ou seja, nossa opinião impacta o outro e somos responsáveis pelo que despertamos no próximo. E, se responsáveis somos, que impactemos com o que é bom, edificante e pacificador.

A promessa de Jesus de que herdariam a Terra aqueles que fossem brandos e pacíficos é justamente nos dizendo que seremos mais ouvidos, respeitados e “seguidos” no modo de pensar, se nosso objetivo for o bem comum e nossa postura for aquela que agrega, respeita e acolhe.


[1] FRANCO, Divaldo Pereira. Em busca da verdade. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador: Leal, 2009. Cap. 07.

[2] VIEIRA, Waldo. Conduta Espírita. Pelo Espírito André Luiz. 32. ed. 6. Imp. Brasília, DF: FEB, 2015. Cap. 39.

[3] XAVIER, Francisco C. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, 1952. Cap. 161.

por Samuel Aguiar
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Simpatias relacionadas a relacionamentos

PARA DEIXAR O MARIDO BONZINHO
Embrulhe um jabuti com uma camisa do marido, tendo o cuidado de deixar uma abertura para não sufocá-lo. Após sete dias, ao meio-dia de uma Sexta-feira, retirar a camisa do jabuti e jogá-la nas águas de um rio. O jabuti deve ser alimentado normalmente.

PARA RECONCILIAÇÃO DO CASAL
Pega duas facas virgens e cruze-as sobre a certidão de casamento. Depois de três horas, retire as facas e guarde-a embrulhadas num lenço branco.

PARA CASAR COM UM ESTRANGEIRO
Arrume moedas do país que deseja casar e, com um pouco em uma das mãos, vá a um rio e jogue as moedas, pedindo ao santo de sua proteção sorte no amor.

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sexta-feira, 24 de março de 2017

Buscando um sentido para a vida


A questão do sentido para a vida coloca-se desde há mais de vinte e cinco séculos. Responder a esta e a outras interrogações, nomeadamente, sobre a origem, destino e fim da vida, isto é: “Quem somos e para onde vamos?”, será, porventura, o maior estímulo para que o ser humano continue a investigação e utilize todos os recursos ao seu alcance, para tentar aproximar-se das respostas tão verdadeiras quanto possíveis àquelas perguntas.

O mistério da vida, e também da morte, seja do espírito, da mente, da consciência, da alma, na perspectiva metafísica, que envolve a dimensão imaterial do ser humano, tem vindo a alimentar a imaginação, a criatividade, a investigação, as experiências e as tecnologias.

É certo que as ciências biomédicas, concretamente: neurologia, genética, biologia e medicina, entre outras, têm conseguido avanços e resultados espetaculares, porém, parece estarem longe da descoberta sobre o conhecimento da totalidade do ser humano, da pessoa na sua integralidade, constituída por parte física e por parte imaterial.

Entretanto, importa refletir acerca do melhor aproveitamento da vida, quer no seu aspecto físico, quer quanto às faculdades mentais e, muito particularmente, no que concerne à atividade ético-moral, sob o controle da consciência, enquanto tribunal verdadeiro e justo, dos atos que cada indivíduo vai praticando ao longo da vida, e que poderá ajudar, precisamente, a encontrar e esclarecer um sentido para a vida.

Antes, porém, interessará tentar saber o que cada pessoa perante si própria é: como se avalia, como poderá melhorar, ou, pelo menos, minimizar os aspectos considerados negativos, em face do conjunto de valores, princípios, normas sociojurídicas, tradições, usos e costumes da comunidade onde se integra. A milenar máxima socrática: “conhece-te a ti próprio” nunca terá estado tão atualizada como nestes tempos de incertezas, de dificuldades, de algum “sem-sentido” para a vida. Cada pessoa será, portanto, responsável: em primeiro lugar, pela busca e esforço em conhecer-se realmente a si própria; depois, pela elaboração das estratégias, métodos e recursos que lhe permitam elaborar o seu projeto de vida, que esclarecerá, de forma mais objetiva, qual o sentido que deseja dar à sua vida, aqui em duas vertentes: sentido material; sentido metafísico.

É preciso saber o que se quer da vida e do mundo – Admita-se que: «As verdadeiras oportunidades de conquistar um sentido para a vida encontram-se dentro de nós mesmos, e não em uma profissão ou situação determinada, e podem ser conquistadas se reconhecermos que a melhor maneira para chegar ao topo é chegando primeiro ao fundo das coisas. (…) O que se encontra atrás de nós e o que se acha diante de nós têm pouca importância em comparação com o que está dentro de nós.» (POLE, 1998:12; apud, Ralph Waldo Emerson.)

Na perspectiva de algumas mentes, poderia considerar-se utópico se apenas se reconhecesse a vertente espiritual ou metafísica, porque o ser humano, tal como qualquer outro animal ou vegetal, carece de recursos para viver fisicamente.

Tentar, por exemplo, encontrar a felicidade, qualquer que seja o seu conceito, desenvolvendo sentimentos, os mais nobres e altruístas que se revelem dentro de cada um, para com eles viver biologicamente e conjugar as duas vertentes, material e espiritual, é essencial à vida e, provavelmente, assim se pode pensar, agir e obter resultados que deem sentido a uma vida verdadeiramente digna da superior condição do ser humano.

O sentido que cada um pretende dar à sua própria vida implica conhecimento, saber o que se quer da vida, da sociedade e do mundo. Viver torna-se, assim, uma verdadeira profissão, uma arte, na perspectiva de uma vida digna, confortável em todos os aspectos essenciais e possíveis.

Pelo contrário, levar uma vida de miséria material, caracterizada por fome, doença e habitação, sem um mínimo de condições de higiene, segurança, conforto e privacidade; dificuldade no acesso à educação; desemprego, ainda que alegadamente se invoque uma qualquer forma de felicidade, será digno da pessoa humana?

Viver no século XXI, em qualquer parte do mundo, nas condições apontadas no parágrafo anterior, não será compatível com os valores da dignidade, da felicidade, esta aqui considerada como um sentimento real de bem-estar geral, da igualdade, da fraternidade e da solidariedade. É certo que muitas pessoas não têm tido a capacidade, a compreensão, a ajuda, a sorte, para quem acredita nesta variável, para usufruírem de uma vida digna.

Viver nestes novos tempos constitui um desafio – Urge despertar o mundo e as consciências, através dos diversos e inúmeros responsáveis: da política à religião; da economia ao empresariado; das instituições e outras formas organizacionais da sociedade, também pelo esforço de cada um, para esta nova profissão – viver –, considerando, inclusivamente, que: «A maioria das pessoas que vive nos países desenvolvidos só há relativamente pouco tempo pôde dar-se ao luxo de refletir sobre a arte de viver. Os nossos antepassados estavam demasiado ocupados com a luta diária pela sobrevivência. Esse era o seu objetivo de vida, tal como ainda o é para uma grande parte da população mundial. Em primeiro lugar precisamos de comida e água. De seguida precisamos de proteção contra os predadores e contra as outras pessoas. Depois precisamos de sentir que pertencemos a um grupo. E a partir desse momento precisamos de nos sentir valorizados por ele. Só podemos pensar em nós e na nossa realização pessoal quando estas necessidades estiverem satisfeitas.» (GREENER, 2004:71.)

Idealizar e implementar um sentido para a vida passa, justamente, pela satisfação de todas aquelas e, eventualmente, de outras necessidades, o que envolve um grande domínio de conhecimentos, de práticas e disponibilidades, tanto mais diversificados, como também específicos. Viver nestes novos tempos, repletos de solicitações, de exigências, que vão para além daquelas necessidades, que entram na vida quotidiana dos indivíduos, por força de poderosos meios publicitários, constitui um desafio para cada pessoa, e para a humanidade em geral.

Pensar, exclusivamente, na dimensão espiritual e prepará-la para uma vida eterna, certamente é muito importante, principalmente na perspectiva dos que acreditam numa outra vida, liberta da materialidade terrena; todavia, a pessoa crente poderá preparar-se melhor para essa outra existência extraterrestre, se cuidar bem da sua parte física, corporal, até porque num corpo são as possibilidades de uma mente sã são muito maiores; logo, os resultados cognitivos serão beneficiados. Descuidar o conforto material da saúde e do corpo poderá ser contraditório com o sentido último da vida, que os crentes numa realidade eterna pretendem viver.

Compete ao homem dirigir as forças que suscitou – Este novo século, iniciado há poucos anos, herdou do século anterior alguns conflitos, qual deles o mais grave: guerras fratricidas a nível regional; miséria em diversas situações – analfabetismo, desnutrição, desemprego, desigualdades crescentes entre pessoas, povos e nações, exclusão social, degradação do meio ambiente natural, entre outras.

Bibliografia:

CONCÍLIO VATICANO II (1966). Gaudium et Spes. Constituição Pastoral o Concílio Vaticano II sobre a Igreja no Mundo de Hoje. II Edição. São Paulo: Edições Paulinas.

GREENER, Mark, (2004). Tempo para Tudo. Organização e Gestão Pessoal. Trad. Alexandra Lemos, revisão e adaptação técnica: Osvaldo Santos, psicoterapeuta, 1ª edição portuguesa, Dezembro/2004, Lisboa: Edideco, Editores para a Defesa do Consumidor.

POLE, Timothy, (1998). Ser Você. Trad. Arlete Dialetachi. São Paulo: Editora Angra, Ltda.

SELEÇÃO DE TEXTOS (2000). “Educação em Matéria de Direitos Humanos”, in Noesis. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional – Ministério da Educação, (56), Outubro-Dezembro-2000, pp.18-21.

Autor: Diamantino Lourenço R. de Bártolo

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Se evoluir


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Ação ou reação?


De um modo geral, costumamos reclamar de tudo que nos ocorre. Reclamamos do congestionamento do trânsito, da chuva que nos surpreende à saída do escritório, da demora no atendimento do serviço público, da incompetência de profissional contratado etc, etc...

Contudo, o que é importante não perdermos de vista é como reagimos a esses contratempos. Habitualmente, nossa reação é de irritabilidade, nervosismo, quase agressividade.

No entanto, da forma como encaramos as situações adversas, seremos mais ou menos felizes.

Vejamos: se ao nos prepararmos pela manhã, descobrimos a camisa não tão bem passada, podemos descarregar nossa raiva em quem consideramos responsável.

Nossas exclamações envolverão a funcionária, a quem chamaremos de inabilidosa, irresponsável, preguiçosa. No entanto, serão os afetos mais próximos que nos ouvirão a voz alterada e as altercações em desequilíbrio.

Dessa forma, contaminaremos, com fluidos deletérios, a ambiência doméstica.

A esposa poderá se magoar com as observações, acreditando que, no fundo, a estamos recriminando também, porque ela poderia ter revisado o trabalho da funcionária.

Os filhos, aguardando que os conduzamos à escola, se assustam com os gritos, em pleno início da manhã. O bebê chora, no berço, despertado pelo barulho.

Instala-se o caos. Por fim, solucionada a questão com a escolha de outra camisa, apanhamos as chaves do carro, ordenamos que as crianças andem rápido porque, afinal, perdemos precioso tempo.

Depois saberemos que um dos meninos recebeu falta, por ter se atrasado. O outro, recebeu reprimenda.

No escritório, todos nos aguardam na sala de reuniões. Estamos atrasados e a reunião começa tumultuada. Que dia!

* * *

Voltemos ao início da manhã e recomecemos. Encontramos a camisa mal passada, a deixamos de lado e escolhemos outra.

Beijamos o bebê que mama tranquilo. Chamamos as crianças, conferimos se apanharam tudo: a mochila, o agasalho e saímos tranquilos.

Todos chegam ao local dos seus deveres, sem atrasos, sem irritação.

Percebemos como uma simples ação, perante um inconveniente, tem o condão de permitir horas sequentes de paz ou de desarmonia?

Nossa vida é sempre assim.

Existem acontecimentos sobre os quais não mantemos o controle, como o atraso da condução, as bruscas alterações do clima, as ruas congestionadas, um pequeno acidente de trânsito...

Dizem que esses correspondem a dez por cento. Mas, sobre a grande maioria, noventa por cento das situações, temos amplo gerenciamento.

A forma como encaramos pequenos transtornos, determinarão horas de paz ou de grande intranquilidade.

Façamos a experiência. Em vez de reagir, de forma negativa, vamos agir, positivamente. Contornemos, administremos, encontremos soluções para problemas que se apresentem.

Não nos estressemos, não sobrecarreguemos nosso organismo com cargas ruins, gozemos de tranquilidade.

Isso para sermos mais felizes em cada um dos nossos dias, e fazermos felizes aos que nos amam.

Redação do Momento Espírita.
Em 13.9.2013.
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Fonte Viva

“Todos fazem alguma coisa na vida humana, mas raros não voltam à carne para desfazer quanto fizeram. Ainda mesmo a criatura ociosa, que passou o tempo entre a inutilidade e a preguiça, é constrangida a tornar à luta, a fim de desintegrar a rede de inércia que teceu ao redor de si mesma. Somente constrói, sem necessidade de reparação ou corrigenda, aquele que se inspira no padrão de Jesus para criar o bem.

Em todos os passos do Divino Mestre, vemo-lo na ação incessante, em favor do indivíduo e da coletividade, sem prender-se. Da carpintaria de Nazaré à cruz de Jerusalém, passa fazendo o bem, sem outra paga além da alegria de estar executando a Vontade do Pai. Exalta o vintém da viúva e louva a fortuna de Zaqueu, com a mesma serenidade. Conversa amorosamente com algumas criancinhas e multiplica o pão para milhares de pessoas, sem alterar-se. Reergue Lázaro do sepulcro e caminha para o cárcere, com a atenção centralizada nos Desígnios Celestes.”

Espírito Emmanuel, na obra “Fonte Viva”, psicografia de Chico Xavier
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E se a morte...


E se a morte fosse apenas uma passagem, como um portal, para um outro ambiente, para outro local, onde tudo muda, porém continuamos a ser a mesma pessoa?

Analisando assim, a morte não seria o fim, o término, o ponto final. Apenas passagem.

E se a morte fosse apenas uma viagem? Dessas em que nos despedimos de quem vai para muito longe, sentimos saudades, lembramos sempre, sabendo que o outro está seguindo a vida.

Não nos desesperamos, só choramos baixinho de saudades, porque sabemos que não é uma viagem sem volta, ou uma partida sem reencontro.

Amanhã, também viajaremos, e nossos amores, nossos amigos, estarão no cais do porto para se despedirem e assistir ao nosso embarque.

Assim considerada, a morte não seria a separação sem fim, um destino incerto. Seria apenas uma viagem.

E se a morte fosse apenas uma mudança de casa? A mudança do vizinho amigo, que morava há anos ao nosso lado, e se foi...

É verdade que a casa permanece vazia, sem vida, sem alegria, porque ele não se encontra ali. Nossa amizade já não se faz no contato diário, nas conversas ao pé do muro.

Mas, sabemos que ele está em outro lugar, em outro local, em outra casa.

Pensando assim, a morte não seria o abandono, o desaparecer, o não existir. Apenas uma mudança.

E se a morte fosse o voltar para casa, depois de longa viagem, dessas onde se percorrem estradas, se visitam localidades, aprendem-se lições e vivências acontecem?

Então, o término da viagem seria a alegria do viajor que retorna para o lar, enquanto outros companheiros de viagem ainda têm trechos a percorrer.

Trechos que, logo mais, eles também concluirão e estarão conosco.

Por esse ângulo, a morte não seria a conclusão, o epílogo, o fechamento de uma história. Apenas o retomar da vida em outras paragens, para mais um capítulo.

* * *

Em verdade, assim é a morte: a mudança, a passagem, a transição, a viagem ou o retorno.

Mas, todos continuaremos. A vida prossegue tão ou mais pujante mesmo quando a consideramos encerrada.

Isso porque não somos o corpo físico, que um dia abandonaremos.

Ele é apenas a vestimenta física, em caráter de empréstimo pela Providência Divina, a fim de vivenciarmos as lições de que carecemos.

Concluído o que aqui viemos fazer, apartamo-nos dele, e prosseguimos a viver.

Por isso, a morte não deve se constituir na dor pungente do adeus. Apenas nas saudades do até logo.

Além disso, não permanecemos isolados totalmente de nossos amores que nos antecederam na saída do corpo.

Eles comparecem em nossos sonhos, nos visitam para amenizar as saudades, ou para nos aconselhar, ou nos atender em alguma circunstância.

Quantas vezes demonstram suas presenças invisíveis com um abraço caloroso, palavras doces, que nos levam a recordá-los, senti-los, emocionando-nos até às lágrimas?

Dessa forma, se as saudades nos apertam o coração, tenhamos paciência.

Não tarda o dia em que todos aportaremos no lado de lá, a fim de continuarmos a vida, sepultando definitivamente a morte.

Redação do Momento Espírita.
Em 24.3.2017.
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quinta-feira, 23 de março de 2017

Em Louvor da Verdade (Bezerra de Menezes)


...relevai-nos a sugestão de trabalho, embora rogueis a luz sem esforço.

...o Espiritismo que indaga simplesmente deu lugar, há muito tempo, ao Espiritismo que estende os braços.

...atravessais verdadeira floresta, onde os caminhos de volta ao campo da Luz Divina parecem intransitáveis.

Pensamentos de egoísmo, de incompreensão, de discórdia, vaidade e orgulho se entrechocam, à maneira de projéteis invisíveis ao redor de vossa personalidade, e se faz imperiosa a coragem para os óbices multiplicados não nos vençam os labores recíprocos.

...efetivamente, a vossa procura é nobre e edificante.

...bem-aventurados aqueles que demandam a verdade e que anseiam por passagem libertadora no rumo da claridade eterna!

...não comeceis o empreendimento da própria iluminação, ao modo de um homem que iniciasse a construção de uma casa pelo teto.

...soletrai, antes de tudo, o alfabeto da bondade.

Sem as primeiras letras do amor, nunca entenderemos o sagrado poema da vida.

...é indispensável abrir o coração, vaso destinado às sementes do Céu, convertendo-nos em instrumentos do bem ativo e incessante.

...não iluminaremos a mente sem purificar os olhos, tanto quanto ninguém alcança o discipulado do Senhor, sem mobilizar as mãos na obra redentora da terra.

...encetemos a reestruturação dos próprios destinos, compreendendo-nos mutuamente.

...que lição recolheremos na visita de benfeitores que residem à distância, se não aprendemos a fraternidade primária com o próximo?

...ouçamos a mensagem das necessidades que nos cercam.

Há dor e ignorância, treva e indiferença, na estrada em que pisais: estendamos, através dela, o nosso sentimento cristão, imitando o lavrador que não desampara a terra lodosa do charco.

...não esperemos o paraíso, quando ainda nem mesmo auxiliamos no trato do chão que operamos.

...espíritos endividados, perante a Bondade Divina que nos deu ouvidos para registrar os ensinamentos da vida, olhos para surpreender a luz, braços para erguer o castelo de nossa própria felicidade e recursos imensos para dilatarmos o nosso próprio engrandecimento espiritual, guardemos a fé, servindo e auxiliando, corrigindo a nós mesmos e amando a todos, em louvor da verdade.

...nossa vida é um campo aberto.

Nosso coração é uma fonte.

Cada um de nossos atos é mensagem viva.

Que nossa alma se afeiçoe ao bem supremo, sob a inspiração de Jesus, a fim de que o mundo se transforme em Seu Reino.

Bezerra de Menezes
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
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Nada nessa vida é por acaso


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Jesus – Modelo e Guia

O que pensar dos dizem que “Jesus é somente o emergir de um arquétipo plasmado no inconsciente coletivo”?

Stephen Sawyer, desenhista que vive em Kentucky, EUA, autor das imagens do Cristo com peitoral tatuado, braços musculosos, recentemente publicadas na capa do jornal The New York Times, inventou o projeto Art4God para tentar aproximar os jovens do “cristianismo”. Sawyer acredita-se um legítimo pregador (!?…) do Messias de Nazaré. Através de livros, revistas e blogs, Stephen tem viajado os Estados Unidos divulgando a sua bizarra ideologia, retratando a figura máscula de Jesus igualando-O a um super-herói.

Embora os desenhos sejam absolutamente grotescos e chocantes, é muito difícil em uma sociedade aberta, democrática e plural como a nossa, evitar expressões como essas, ou opiniões e teses, tenham elas ou não caráter histórico, científico, religioso ou moral, público ou privado. Todavia, o Espiritismo preconiza e defende a liberdade de expressão responsável, ou seja, quando exercida de forma justa e respeitosa, de modo que não venha a agredir ou desmerecer o direito de crença do seu semelhante.

A partir do momento que Deus dotou de razão o homem e lhe conferiu o livre-arbítrio, permitiu dessa forma que o mesmo abrace o caminho que espera ser o mais acertado para ele, tornando-o responsável pelas suas preferências. Quem somos nós para impor a quem quer que seja a nossa vontade, ou aquilo que acreditamos ser o melhor? Todavia, quando lemos a matéria relativa à veiculação da imagem de Jesus, igualando-O aos chamados homens “sarados”, ficamos extremamente indignados, pois guardamos a certeza de que a memória e imagem do Mestre devem ser respeitadas e veneradas no alcance máximo da liberdade humana.

É bem verdade que os espíritas não idolatram nenhum mensageiro em pinturas, fotos, esculturas, etc., Mas, esse comportamento de Sawyer cremos ser uma violentação gratuita e inteiramente desnecessária como tantos outros desrespeitos já praticados sob a “proteção” da vilipendiada liberdade de expressão, que culmina atingindo o sentimento de todos aqueles que têm Jesus como exemplo de moral, caráter, bondade, amor, humildade.

No que tange à aparência de Jesus, sabe-se que atualmente não existe uma unanimidade de como ele era realmente. Mas, Públio Lentulos dizia que “Ele era belo de figura e atraia os olhares. Seu rosto inspirava amor e temor ao mesmo tempo. Seus cabelos eram compridos, lisos até as orelhas, e das orelhas para baixo cresciam crespos anelados. Dividia-os ao meio uma risca e chegavam-lhes aos ombros segundo o costume da gente de Nazareth. As faces cobriam de leve rubor. O nariz era bem contornado, e a barba crescia, um pouco mais escura do que os cabelos, dividida em duas pontas. Seu olhar revelava sabedoria e candura. Este homem amável ao conversar, tornava-se terrível ao fazer qualquer repreensão. Mas mesmo assim sentia-se Nele um sentimento de segurança e serenidade. Ninguém nunca o via rir.” (1)

“Muitos, no entanto, O tinham visto chorar. Era de estatura normal, corpo ereto, mãos e braços tão belos que era um prazer contemplá-los. Sua Voz era grave. Falava pouco. Era modesto. Era belo quanto um homem podia ser belo.” (2) Como se observa há dois mil anos havia um Homem incomum, entre os milhões de habitantes terrestres… E Esse Homem singular veio tornar-se o centro da história da humanidade. Muito mais do que isso: Ele se tornou um marco para a história da humanidade, de tal modo que até o tempo histórico é contado tendo-O como referência.

Como se não bastasse, em meio à crescente proliferação de ideias esdrúxulas sobre o Cristo, há infelizmente no seio do movimento espírita os que desejam ver Jesus banido das hostes doutrinárias. São arautos caolhos que têm deturpado a legítima concepção espírita sobre o Meigo Rabi da Galileia. São bonifrates das trevas que espalham as extravagantes ideias do tipo: “Jesus é somente o emergir de um arquétipo plasmado no inconsciente coletivo”.

Nos seus devaneios, tais títeres atestam que, de “tudo quanto a civilização cristã reteve de Jesus, nesses dois milênios, muito mais há de mito.” Enxovalham nossas mentes com afirmativa: -“Nosso Jesus não é o mítico Governador do Planeta, aquele que vive, entre Anjos e Tronos, na bela ficção literária de Humberto de Campos” e, ainda, regurgitam outras pérolas frasais como: -“Nosso Jesus, inteiramente homem, não evoluiu em linha reta” e, mais ainda, vociferam: -“Jesus não criou nenhuma nova moral. Apenas interpretou, adequadamente, aquela que sempre esteve no coração do homem por todos os tempos e lugares.”! Que talento! Tratam, o mais supremo dos seres da criação como um “João ninguém”.

Na Terra, onde se multiplicam as conquistas da inteligência (algumas resvalam e se enterram nas valas profundas das retóricas vazias) e fazem-se mais complexos os quadros do sentimento amarfanhado no materialismo, saibamos que Ele (Jesus) no campo da Humanidade [foi o único] orientador completo, irrepreensível e inquestionável, que renunciou à companhia dos anjos para viver e conviver com os homens.

Nos tempos áureos do Evangelho o apóstolo Pedro, mediunizado, definiu a transcendência de Jesus, revelando que Ele era “o Cristo, o Filho de Deus vivo” (3).

No século XIX o Espírito de Verdade atesta ser Ele “o Condutor e Modelo do Homem” (4). Para o célebre pedagogo e gênio de Lyon, o Cristo foi “Espírito superior da ordem mais elevada, Messias, Espírito Puro, Enviado de Deus e, finalmente, Médium de Deus.”(5) Não há dúvidas que Jesus foi o Doutrinador Divino (6) e por excelência o “Médico Divino”, segundo André Luiz. (7) Por sua vez, Emmanuel o denomina de “Diretor angélico do orbe e Síntese do amor divino”. (8)

Para a maioria dos teólogos, Jesus é objeto de estudo, nas letras do Velho e do Novo Testamento, imprimindo novo rumo às interpretações de fé. Para os filósofos, Ele é o centro de polêmicas e cogitações infindáveis. Para nós espíritas, Jesus foi, é e será sempre a síntese da Ciência, da Filosofia e da Religião. “Tudo tem passado nestes dois mil anos, na Terra- mas a [Sua] Palavra brilha como um Sol sem ocaso, guiando as ovelhas tresmalhadas, os cordeiros perdidos do Rebanho de Israel à porta do aprisco, para restituí-los ao Bom Pastor”. (9)

O Espiritismo vem colocar a Mensagem do Cristo na linguagem da razão, com explicações racionais, filosóficas e científicas, mas, vejamos bem, sem abandonar, sem deixar de lado o aspecto emocional que é colocado na sua expressão mais alta, tal como o pretendeu Jesus, ou seja, o sentimento sublimado, demonstrando assim que o sentimento e a razão podem e devem caminhar pela mesma via, pois constituem as duas asas de libertação definitiva do ser humano.

Inobstante não ser a experiência humana uma estação de prazer, por isso, continuemos trabalhando no ministério do Cristo, recordando que, por servir aos outros, com humildade, sem violências e presunções, Ele foi tido por imprudente e rebelde, transgressor da lei e inimigo da população, sendo escolhido por essa mesma multidão para receber com a cruz a gloriosa coroa de espinhos, mas sob o influxo do bom ânimo Ele venceu o mundo!

O Cristo é o modelo de virtudes para todos os homens. E mais ainda. Jesus Cristo é incomparável em face da dedicação e a santidade que Ele dispensa à Humanidade. Nós, que ainda estamos mergulhados nos pântanos das questiúnculas teológicas, não temos parâmetros para avaliar a Sua magna importância para o Espiritismo, isto porque a Sua excelsitude se perde na escura bruma indevassável dos milênios. Dizemos mais: O Espiritismo sem Jesus pode alcançar as brilhantes expressões acadêmicas, mas não passará de atividade fadada a modificar-se ou desintegrar-se, como todas as conquistas superficiais da Terra. E o espírita cristão, que não cogitou da sua iluminação com o Evangelho do Mestre, pode ser virtuose da inteligência, Phd de qualquer coisa e filósofo, com as mais subidas aquisições científicas, mas estará sem bússola e sem norte no momento do “furacão” inevitável da dor moral. Temos dito!

*****
Texto de Jorge Hessen – Referências bibliográficas:(1) Descrição tradicional feita pelo pró-consul Públios Lentulos (2) idem (3) Mt 13, 16-17. (4) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 2001, pergunta 625 (5) Kardec, Allan. A Gênese, RJ: Ed. FEB, 1998, XV, item 2 (6) Xavier, Francisco Cândido. (Os Mensageiros, Ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed FEB, 2000, cap. 27) (7) Xavier, Francisco Cândido. Missionário da Luz, Ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed FEB 2003, cap. 18 (8) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, Ditado pelo Espírito Emmanuel, RJ: Ed FEB 2001, 283 e 327. (9) SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e ensinos de Jesus, SP: ed. O Clarim-Matão, 1993, p. s/n

Jorge Hessen
Postado pelo Eu, Espírita! em 08/06/2015
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Lâmpadas e inteligências


As lâmpadas servem para iluminar. Para isso, são dotadas de potências de iluminação diferentes.

Há lâmpadas de 60 watts, de 100 watts, de 150 watts... Esse número em watts diz o poder de iluminação da lâmpada.

Também as inteligências servem para iluminar.

Nos gibis, o desenhista, para dizer que um personagem teve uma boa ideia, desenha uma lâmpada acesa sobre a sua cabeça.

As inteligências, à semelhança das lâmpadas, também têm potências de iluminação diferentes.

Os homens inventaram testes para medir a "wattagem" das inteligências.

Ao poder de iluminação das inteligências deram o nome de "QI", coeficiente de inteligência.

As inteligências não são iguais. Pessoas a quem os testes inventados pelos homens atribuíram um QI 200, têm um poder muito grande para iluminar.

Alguns, para se gabar, chegam a mostrar sua carteirinha, dizendo que sua inteligência tem uma "wattagem" alta.

Mas, nós não olhamos para as lâmpadas. As lâmpadas não são para serem vistas. As lâmpadas valem pelas cenas que iluminam e não pelo brilho.

Olhar diretamente para a lâmpada ofusca a visão.

Há inteligências de "wattagem" 200 que só iluminam esgotos e cemitérios. E há inteligências modestas, como se fossem nada mais do que a chama de uma vela, que iluminam sorrisos.

Uma lâmpada não tem vontade própria. Ela ilumina o objeto que o seu dono escolhe para ser iluminado.

A inteligência, como as lâmpadas, não tem vontade própria. Ela ilumina os objetos que o coração do seu dono determina que sejam iluminados.

A inteligência de quem ama dinheiro ilumina dinheiro, a inteligência dos criminosos ilumina o crime, a inteligência dos artistas ilumina a beleza.

A inteligência é mandada. Só lhe compete obedecer.

* * *

As considerações luminosas de Rubem Alves nos fazem pensar um pouco a respeito de como estamos utilizando este grande instrumento que temos - a inteligência.

O que temos iluminado com ela? O que temos feito desta grande habilidade da qual dispomos?

Allan Kardec deixa claro que a inteligência nem sempre é penhor de moralidade, e o homem mais inteligente pode fazer um uso pernicioso das suas faculdades.

Assim, ter uma inteligência avantajada não significa ser um homem de bem, não significa ser uma alma evoluída.

É necessário que essa inteligência esteja sendo canalizada para o bem, para a civilização e aperfeiçoamento da Humanidade.

A mesma inteligência que desenvolve uma arma química pode desenvolver vacinas e remédios.

A mesma inteligência que manipula as leis e as pessoas em benefício próprio, pode ser a inteligência que auxilia, que defende os fracos e oprimidos.

A mesma inteligência das estratégias criminosas de usurpação do dinheiro público pode ser utilizada na reconstrução de cidades, na restituição da dignidade de povos abandonados por interesses materialistas.

Basta que a lâmpada ilumine o que deve iluminar, basta que façamos escolhas acertadas e demos ordens corretas à nossa inteligência.

A inteligência, como as lâmpadas, não tem vontade própria. Ela ilumina os objetos que o coração do seu dono determina que sejam iluminados.

Redação do Momento Espírita com base no texto Variações sobre a inteligência, do livro O sapo que queria ser
príncipe, de Rubem Alves, ed. Planeta.
Em 28.08.2009.
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Faça seu tempo feliz


Se você caminha pelas estradas terrenas, cotidianamente, percebe o quanto costumam ser negativas, pessimistas ou depressivas as expressões da vida de cada um.

As falas diversas dos seus interlocutores, se é que você mesmo não se enquadra nesse rol de negativas e de negatividades.

Jamais, ou poucas vezes, acha-se alguém com entusiasmo pela existência, expressando tal entusiasmo.

Poucos bendizem as horas no corpo físico, com todos os seus acontecimentos a facultar crescimento amplo ou diminuto.

Abrem-se os comentários da vida, habitualmente, pelas afirmativas de que as coisas em torno estão muito ruins, quando menos, diz-se que as coisas estão mais ou menos.

É de costume a pessoa lamentar-se pelos familiares que não são carinhosos, que não são atenciosos, que não são dedicados.

De outro modo, fala-se que estão doentes, que são doentes, que são maus.

Vêem-se as conjunturas políticas e sociais do mundo com tamanho pessimismo, que costuma-se asseverar que “não há mais jeito”; “que tudo vai de mal a pior”; “nesse campo ninguém presta”.

Os amigos são para esses negativos, verdadeiros traidores, que não merecem a sua amizade; comenta-se que, em toda parte, o mal vai tomando dianteira.

Se o assunto é vício, drogas etc. Ouvem-se falas como “ninguém escapa”; “todo mundo usa”; “é uma calamidade”.

O trabalho profissional é chato, cansativo, expiatório, e, então, para que trabalhar?

Todavia, vale a pena meditar um pouco sobre tudo isso.

Pare um pouco e pense sobre a sua vida, seus objetivos.

Melhore o nível psíquico do seu dia-a-dia. Você não precisa ser deficiente intelectual diante dos fatos do mundo.

Porém, mesmo sabendo das coisas equivocadas que se passam no mundo a sua volta, procure extrair o melhor de cada dia.

Tente observar as coisas boas, bonitas, formosas que estão acontecendo ao seu derredor.

Você pode atrair bênção ou tormentos, luz ou sombra, tristeza ou alegria. Só depende da sua própria disposição.

Aprenda a extrair o que há de melhor na terra, ao redor dos seus passos.

Busque fazer o seu dia brilhante, feliz, inaugurando, onde se move, o regime de otimismo, de alegrias.

Trabalhe de tal maneira que a sua sensibilidade seja passada a todas as pessoas que estão ao seu redor.

Entusiasme-se com a sua saúde e a dos seus.

Sorria, a cada manhã, com o passeio do sol nas avenidas azuis do céu...

Agradeça ao Senhor supremo pela família, pela saúde, pelas chances de estudar, de trabalhar, sem maiores problemas.

Erga a sua oração ao Criador e, sintonizando nas faixas felizes do bem, transforme a sua existência no mundo físico num campo de muito boas realizações.

Faça do seu dia um dia venturoso, realizando a sua parte para que todo o mundo melhore, se aprimore, com um pouco do seu esforço.

Pense nisso!

TC 22/09/2006
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em mensagem do Espírito Joanes, psicografada pelo médium J. Raul Teixeira, em 15/03/2000, na Sociedade Espírita Fraternidade, Niterói - RJ.
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terça-feira, 21 de março de 2017

Biografia: Adolfo Bezerra de Menezes (1831 - 1900)

Nascido na antiga Freguesia do Riacho do Sangue, hoje Solonópole, no Ceará, aos 29 dias do mês de agosto de 1831, e desencarnado no Rio de Janeiro, a 11 de abril de 1900.

Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, no ano de 1838, entrou para a escola pública da Vila do Frade, onde em dez meses apenas, preparou- se suficientemente até onde dava o saber do mestre que lhe dirigia a primeira fase de educação.

Adolfo Bezerra de Menezes

Bem cedo revelou sua fulgurante inteligência, pois, aos onze anos de idade, iniciava o curso de Humanidades e, aos treze anos, conhecia tão bem o latim que ministrava, a seus companheiros, aulas dessa matéria, substituindo o professor da classe em seus impedimentos.

Seu pai, o capitão das antigas milícias e tenente- coronel da Guarda Nacional, Antônio Bezerra de Menezes, homem severo, de honestidade a toda prova e de ilibado caráter, tinha bens de fortuna em fazendas de criação.

Com a política, e por efeito do seu bom coração, que o levou a dar abonos de favor a parentes e amigos, que o procuravam para explorar- lhe os sentimentos de caridade, comprometeu aquela fortuna.

Percebendo, porém, que seus débitos igualavam seus haveres, procurou os credores e lhes propôs entregar tudo o que possuía, o que era suficiente para integralizar a dívida.

Os credores, todos seus amigos, recusaram a proposta, dizendo- lhe que pagasse como e quando quisesse. O velho honrado insistiu; porém, não conseguiu demover os credores sobre essa resolução, por isso deliberou tornar- se mero administrador do que fora sua fortuna, não retirando dela senão o que fosse estritamente necessário para a manutenção da sua família, que assim passou da abastança às privações.

Animado do firme propósito de orientar-se pelo caráter íntegro de seu pai, Bezerra de Menezes, com minguada quantia que seus parentes lhe deram, e animado do propósito de sobrepujar todos os óbices, partiu para o Rio de Janeiro a fim de seguir a carreira que sua vocação lhe inspirava: a Medicina.

Em novembro de 1852, ingressou como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Doutorou-se em 1856 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, defendendo a tese "Diagnóstico do Cancro". Nessa altura abandonou o último patronímico, passando a assinar apenas Adolfo Bezerra de Menezes.

A 27 de abril de 1857, candidatou-se ao quadro de membros titulares da Academia Imperial de Medicina, com a memória "Algumas Considerações sobre o Cancro encarado pelo lado do Tratamento".

O parecer foi lido pelo relator designado, Acadêmico José Pereira Rego, a 11 de maio de 1857, tendo a eleição se efetuado a 18 de maio do mesmo ano e a posse a 1º de junho.

Em 1858 candidatou- se a uma vaga de lente substituto da Secção de Cirurgia da Faculdade de Medicina. Por intercessão do mestre Manoel Feliciano Pereira de Carvalho, então Cirurgião-Mor do Exército, Bezerra de Menezes foi nomeado seu assistente, no posto de Cirurgião- Tenente.

Eleito vereador municipal pelo Partido Liberal, em 1861, teve sua eleição impugnada pelo chefe conservador, Haddock Lobo, sob a alegação de ser médico militar.

Objetivando servir o seu Partido, que necessitava dele a fim de obter maioria na Câmara, resolveu Bezerra de Menezes afastar-se do Exército.

Em 1867 foi eleito Deputado Geral, tendo ainda figurado em lista tríplice para uma cadeira no Senado. Quando político, levantou-se contra ele, a exemplo do que ocorre com todos os políticos honestos, uma torrente de injúrias que cobriu o seu nome de impropérios. Entretanto, a prova da pureza da sua alma deu-se quando, abandonando a vida pública, foi viver para os pobres, repartindo com os necessitados o pouco que possuía.

Corria sempre ao tugúrio do pobre, onde houvesse um mal a combater, levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da ciência de médico e o auxílio da sua bolsa minguada e generosa.

Desviado interinamente da atividade política e dedicando- se a empreendimentos empresariais, criou a Companhia de Estrada de Ferro Macaé a Campos, na então província do Rio de Janeiro.

Depois, empenhou-se na construção da via férrea de S. Antônio de Pádua, etapa necessária ao seu desejo, não concretizado, de levá-la até o Rio Doce. Era um dos diretores da Companhia Arquitetônica que, em 1872, abriu o "Boulevard 28 de Setembro", no então bairro de Vila Isabel, cujo topônimo prestava homenagem à Princesa Isabel.

Em 1875, era presidente da Companhia Carril de S. Cristóvão. Retornando à política, foi eleito vereador em 1876, exercendo o mandato até 1880.

Foi ainda presidente da Câmara e Deputado Geral pela Província do Rio de Janeiro, no ano de 1880. O Dr. Carlos Travassos havia empreendido a primeira tradução das obras de Allan Kardec e levara a bom termo a versão portuguesa de "O Livro dos Espíritos".

Logo que esse livro saiu do prelo levou um exemplar ao deputado Bezerra de Menezes, entregando- o com dedicatória. O episódio foi descrito do seguinte modo pelo futuro Médico dos Pobres:

"Deu-mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, adeus! Não hei de ir para o inferno por ler isto... Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas.

Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!... Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no "O Livro dos Espíritos".

Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença".

No dia 16 de agosto de 1886, um auditório de cerca de duas mil pessoas da melhor sociedade enchia a sala de honra da Guarda Velha, na rua da Guarda Velha, atual Avenida 13 de Maio, no Rio de Janeiro, para ouvir em silêncio, emocionado, atônito, a palavra sábia do eminente político, do eminente médico, do eminente cidadão, do eminente católico, Dr. Bezerra de Menezes, que proclamava a sua decidida conversão ao Espiritismo.

Bezerra era um religioso no mais elevado sentido. Sua pena, por isso, desde o primeiro artigo assinado, em janeiro de 1887, foi posta a serviço do aspecto religioso do Espiritismo.

Demonstrada a sua capacidade literária no terreno filosófico e religioso, quer pelas réplicas, quer pelos estudos doutrinários, a Comissão de Propaganda da União Espírita do Brasil, incumbiu-o de escrever, aos domingos, no "O País" tradicional órgão da imprensa brasileira, a série de "Estudos Filosóficos", sob o título "O Espiritismo".

O Senador Quintino Bocaiúva, diretor daquele jornal de grande penetração e circulação, "o mais lido do Brasil", tornou-se mesmo simpatizante da Doutrina Espírita. Os artigos de Max, pseudônimo de Bezerra de Menezes, marcaram a época de ouro da propaganda espírita no Brasil. De novembro de 1886 a dezembro de 1893, escreveu ininterruptamente, ardentemente.

Da bibliografia de Bezerra de Menezes, antes e após a sua conversão do Espiritismo, constam os seguintes trabalhos: "A Escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui- la sem dano para a Nação", "Breves considerações sobre as secas do Norte", "A Casa Assombrada", "A Loucura sob Novo Prisma", "A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica", "Casamento e Mortalha", "Pérola Negra", "Lázaro - o Leproso", "História de um Sonho", "Evangelho do Futuro".

Escreveu ainda várias biografias de homens célebres, como o Visconde do Uruguai, o Visconde de Carvalas, etc. Foi um dos redatores de "A Reforma", órgão liberal da Corte, e redator do jornal "Sentinela da Liberdade". Bezerra de Menezes tinha a função de médico no mais elevado conceito, por isso, dizia ele: "Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta.

O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta hora da noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro, o que sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro - esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos de formatura.

Esse é um desgraçado, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu Espírito, a única que jamais se perderá nos vaivéns da vida."

Em 1883, reinava um ambiente francamente dispersivo no seio do Espiritismo brasileiro e os que dirigiam os núcleos espíritas do Rio de Janeiro sentiam a necessidade de uma união mais bem estruturada e que, por isso mesmo, se tornasse mais indestrutível.

Os Centros, onde se ministrava a Doutrina, trabalhavam de forma autônoma. Cada um deles exercia a sua atividade em um determinado setor, sem conhecimento das atividades dos demais. Esse sentimento levou-os à fundação da Federação Espírita Brasileira.

Nessa época já existiam muitas sociedades espíritas, porém, as únicas que mantinham a hegemonia de mando eram quatro: a "Acadêmica", a "Fraternidade", a "União Espírita do Brasil" e a "Federação Espírita Brasileira", entretanto, logo surgiram entre elas vivas discórdias.

Sob os auspícios de Bezerra de Menezes, e acatando prescrições das importantes "Instruções" recebidas do plano espiritual pelo médium Frederico Júnior, foi fundado o famoso "Centro Espírita", o que, entretanto, não impediu que Bezerra desse a sua colaboração a todas as outras instituições.

O entusiasmo dos espíritas logo se arrefeceu, e o velho seareiro se viu desamparado dos seus companheiros, chegando a ser o único freqüentador do Centro. A cisão era profunda entre os chamados "místicos" e "científicos", ou seja, espíritas que aceitavam o Espiritismo em seu aspecto religioso, e os que o aceitavam simplesmente pelo lado científico e filosófico.

Em 1893, a convulsão provocada no Brasil pela Revolta da Armada, ocasionou o fechamento de todas as sociedades espíritas ou não. No Natal do mesmo ano Bezerra encerrou a série de "Estudos Filosóficos" que vinha publicando no "O País".

Em 1894, o ambiente mostrou tendências para melhora e o nome de Bezerra de Menezes foi lembrado como o único capaz de unificar o movimento espírita.

O infatigável batalhador, com 63 anos de idade, assumiu a presidência da Federação Espírita Brasileira, cargo que ocupou até a sua desencarnação. Iniciava- se o ano de 1900, e Bezerra de Menezes foi acometido de violento ataque de congestão cerebral, que o prostrou no leito, de onde não mais se levantaria. Verdadeira romaria de visitantes acorria à sua casa.

Ora o rico, ora o pobre, ora o opulento, ora o que nada possuía. Ninguém desconhecia a luta tremenda em que se debatia a família do grande apóstolo do Espiritismo.

Todos conheciam suas dificuldades financeiras, mas ninguém teria a coragem de oferecer fosse o que fosse, de forma direta. Por isso, os visitantes depositavam suas espórtulas, delicadamente, debaixo do seu travesseiro.

No dia seguinte, a pessoa que lhe foi mudar as fronhas, surpreendeu- se por ver ali desde o tostão do pobre até a nota de duzentos mil reis do abastado!... Ocorrida a sua desencarnação, verdadeira peregrinação demandou sua residência a fim de prestar-lhe a última visita.

No dia 17 de abril, promovido por Leopoldo Cirne, reuniram-se alguns amigos de Bezerra, a fim de chegarem a um acordo sobre a melhor maneira de amparar a sua família, tendo então sido formada uma comissão que funcionou sob a presidência de Quintino Bocaiúva, senador da República, para se promover espetáculos e concertos, em benefício da família daquele que mereceu o cognome de "Kardec Brasileiro".

Digno de registro foi um caso sucedido com o Dr. Bezerra de Menezes, quando ainda era estudante de Medicina. Ele estava em sérias dificuldades financeiras, precisando da quantia de cinqüenta mil réis (antiga moeda brasileira), para pagamento das taxas da Faculdade e para outros gastos indispensáveis em sua habitação, pois o senhorio, sem qualquer contemplação, ameaçava despejá-lo.

Desesperado - uma das raras vezes em que Bezerra se desesperou na vida - e como não fosse incrédulo, ergueu os olhos ao Alto e apelou a Deus. Poucos dias após bateram- lhe à porta. Era um moço simpático e de atitudes polidas que pretendia tratar algumas aulas de Matemática.

Bezerra recusou, a princípio, alegando ser essa matéria a que mais detestava, entretanto, o visitante insistiu e por fim, lembrando- se de sua situação desesperadora, resolveu aceitar.

O moço pretextou então que poderia esbanjar a mesada recebida do pai, pediu licença para efetuar o pagamento de todas as aulas adiantadamente. Após alguma relutância, convencido, acedeu. O moço entregou-lhe então a quantia de cinqüenta mil réis.

Combinado o dia e a hora para o início das aulas, o visitante despediu-se, deixando Bezerra muito feliz, pois conseguiu assim pagar o aluguel e as taxas da Faculdade.

Procurou livros na biblioteca pública para se preparar na matéria, mas o rapaz nunca mais apareceu. No ano de 1894, em face das dissensões reinantes no seio do Espiritismo brasileiro, alguns confrades, tendo à frente o Dr. Bittencourt Sampaio, resolveram convidar Bezerra a fim de assumir a presidência da Federação Espírita Brasileira.

Em vista da relutância dele em assumir aquele espinhoso encargo, travou-se a seguinte conversação:

- Querem que eu volte para a Federação. Como vocês sabem aquela velha sociedade está sem presidente e desorientada. Em vez de trabalhos metódicos sobre Espiritismo ou sobre o Evangelho, vive a discutir teses bizantinas e a alimentar o espírito de hegemonia.

- O trabalhador da vinha, disse Bittencourt Sampaio, é sempre amparado. A Federação pode estar errada na sua propaganda doutrinária, mas possui a Assistência aos Necessitados, que basta por si só para atrair sobre ela as simpatias dos servos do Senhor.

- De acordo.

Mas a Assistência aos Necessitados está adotando exclusivamente a Homeopatia no tratamento dos enfermos, terapêutica que eu adoto em meu tratamento pessoal, no de minha família e recomendo aos meus amigos, sem ser, entretanto, médico homeopata.

Isto aliás me tem criado sérias dificuldades, tornando-me um médico inútil e deslocado que não crê na medicina oficial e aconselha a dos Espíritos, não tendo assim o direito de exercer a profissão. - E por que não te tornas médico homeopata? disse Bittencourt.

- Não entendo patavinas de Homeopatia. Uso a dos Espíritos e não a dos médicos.

Nessa altura, o médium Frederico Júnior, incorporando o Espírito de S. Agostinho, deu um aparte:

- Tanto melhor. Ajudar-te-emos com maior facilidade no tratamento dos nossos irmãos.

- Como, bondoso Espírito? Tu me sugeres viver do Espiritismo?

- Não, por certo! Viverás de tua profissão, dando ao teu cliente o fruto do teu saber humano, para isso estudando Homeopatia como te aconselhou nosso companheiro Bittencourt. Nós te ajudaremos de outro modo: Trazendo-te, quando precisares, novos discípulos de Matemática...

fonte: www.panoramaespirita.com.br
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Chico Xavier – O maior Brasileiro de todos os tempos

Francisco Cândido Xavier, mais conhecido como Chico Xavier (Pedro Leopoldo, 2 de abril de 1910 — Uberaba, 30 de junho de 2002), foi um médium, filantropo e um dos mais importantes expoentes do Espiritismo. Seu nome de batismo, Francisco de Paula Cândido, em homenagem ao santo do dia de seu nascimento, foi substituído pelo nome paterno de Francisco Cândido Xavier logo que psicografou os primeiros livros, mudança oficializada em abril de 1966, quando chegou da sua segunda viagem aos Estados Unidos. Chico Xavier psicografou mais de 450 livros, tendo vendido mais de 50 milhões de exemplares e sendo o escritor brasileiro de maior sucesso comercial da história, mas sempre cedeu todos os direitos autorais dos livros, em cartório, para instituições de caridade. Também psicografou cerca de dez mil cartas, nunca tendo cobrado algo ao destinatário. Seus empregos foram vendedor, operário fabril e datilógrafo.

O médium é uma das personalidades mais admiradas e aclamadas no Brasil e é fortemente tido no movimento espírita como um “missionário da luz”, caracterizado sobretudo por bondade e humildade. Vem recebendo grandes homenagens e honrarias, por exemplo: Em 1981 e 1982 foi indicado ao prêmio Prêmio Nobel da Paz, tendo seu nome conseguido cerca de 2 milhões de assinaturas no pedido de candidatura; em 2000, foi eleito o “Mineiro do Século XX”, em um concurso realizado pela Rede Globo Minas, tendo vencido com 704.030 votos18 e em 2012 foi eleito O Maior Brasileiro de Todos os Tempos, em um concurso homônimo realizado pelo SBT e pela BBC, cujo objetivo foi “eleger aquele que fez mais pela nação, que se destacou pelo seu legado à sociedade”

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A sabedoria de envelhecer


Ele é um homem com mais de oitenta anos. Forte. Daqueles bons italianos.

Um exemplo de saber envelhecer. Ele já se deu conta, há muito tempo, que o vigor da juventude o deixou.

Mas, isso não quer dizer que se acomodou. Faz tudo o que o corpo ainda lhe permite.

Até há pouco tempo, dirigia seu carro e, em determinadas épocas, tomava da esposa, dizia Inté para os filhos e netos e saía a viajar.

De cada vez, um local diferente.

Vamos conhecer tal lugar? - Perguntava para a esposa, cuja idade beira a dele.

Quer dizer, perguntava por perguntar, porque a senhora, também disposta, sempre concordava.

Fechavam o apartamento e lá iam para uma estância, uma estação de águas, um hotel fazenda.

Há pouco, completaram suas bodas de ouro e os filhos promoveram uma grande festa.

Ele compareceu no mais belo e alinhado terno, bigodes aparados, cabelo branco bem penteado e a seriedade, disfarçando a emoção.

Ela, num lindo vestido longo, azul turquesa, encantando os olhos dele, como se fossem os anos primeiros de convivência.

Recentemente, amigos de Ideal Espírita decidiram por prestar-lhe homenagem, pelos anos de dedicação à causa. Pelo seu pioneirismo, alçando a bandeira da Doutrina Espírita em terras onde apenas despontava, tímida.

De imediato, sua memória e sua ética foram ativadas.

Por que eu? Antes de mim, houve quem fizesse muito mais do que eu. E melhor.

E recordou do amigo, por cujas mãos conheceu a Doutrina Espírita. E esteve presente para a entrega da homenagem. Naturalmente, ele também foi homenageado.

Emocionado, agradeceu, dizendo não merecer porque, dizia, da Doutrina Espírita recebera o melhor. Ele era, portanto, um devedor.

E, incentivou à juventude, aos atuais trabalhadores a continuarem no bendito labor da divulgação, espalhando luzes, aclarando mentes e corações.

Comoveu a todos.

Simples, embora detentor de considerável patrimônio e posses, abraça com vigor os amigos.

Faz questão de um bom papo, embora a dificuldade, por vezes, para ouvir. Mas, ele ajusta o seu aparelho para a surdez e participa.

Não tem vergonha de tornar a perguntar, quando não entende.

Sábio, não fala se não tem certeza de ter bem entendido a pergunta.

Sabe calar-se quando muitos falam ao mesmo tempo, dificultando-lhe a captação das palavras.

Ainda guarda um ar de maroto, por vezes, mostrando que o viço infantil não morreu em sua intimidade.

Assim, outro dia, em pleno café da manhã com amigos, quando todos já haviam terminado a refeição e se entretinham à mesa, conversando, ele tomou de uma faca e a introduziu no pote de doce de leite.

Trouxe-a com a ponta carregada do precioso doce. Olhou para a esposa, exatamente como criança que sabe que o que vai fazer está errado, e lambeu-a, com prazer.

Todos riram. Ele também. Havia acabado de fazer uma peraltice bem própria de criança.

Mas, afinal, quando envelhecemos com sabedoria, somos assim.

Maduros no agir, jovens no pensar, crianças para o prazer de viver intensamente cada dia.

Pessoas frívolas, que somente valorizam o exterior, temem envelhecer.

Pessoas ponderadas envelhecem sorrindo. Sabem que o vigor da juventude é passageiro e aproveitam a madureza dos anos para semear sabedoria e colher venturas.

Venturas por ter educado filhos para o bem e para o amor. Por ter cultivado o afeto no matrimônio. Por ter construído amizades sólidas, independentes de idade, raça, cor, nível social.

Aprendamos com quem sabe envelhecer!

Redação do Momento Espírita,em homenagem a Antonio Savaris.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 13 e no
livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP.
Em 14.1.2014
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