É que elas, ao longo dos anos, semearam a boa semente. Aprenderam que o segredo da vida é amar sem querer a posse. É como jogar um bumerangue e deixar que se vá, sem aguardar o retorno.
O Brasil possui muitas dessas pessoas que envelhecem sorrindo. Uma delas parece quase desconhecida dos brasileiros, apesar do quanto realizou em nosso país.
Seu nome é Eunice Weaver. Moça de olhos brilhantes e personalidade incomum, fez seu curso de sociologia e sentiu-se feliz com o seu diploma. Com ele sentia-se capaz de consertar o mundo, saltar todas as barreiras e vencer.
Um dia ela foi chamada pelo presidente Getúlio Vargas para promover a instalação de educandários, em todo país, a fim de receber os filhos dos hansenianos que viviam, naquela época, à beira das estradas, jogados como lixo, porque as sociedades não os aceitavam em suas proximidades.
Montada no cavalo, a moça Eunice saiu para a sua missão sem pensar, talvez, que aquele momento significava o início de uma caminhada que duraria toda uma vida.
Sua primeira tristeza foi quando teve que convencer os filhos das mulheres hansenianas que eles deveriam se separar de suas mães para que pudessem crescer em ambiente são, livres da moléstia tão rude que atingira seus pais.
Sua segunda tristeza surgiu quando ela pediu às mães que a deixassem levar seus filhos para que pudessem, livres da doença, conviver com a sociedade e ser úteis a ela, àquela mesma sociedade que as havia expulsado de seu convívio.
Eram tempos de muita ignorância ainda, a respeito da hanseníase.
Eunice sentiu suas primeiras lágrimas brotarem quando essas mulheres, com fisionomias de um sofrimento que ela não sonhava existir, abraçando com amor seus pequeninos filhos, abriam os braços, permitindo que ela os levasse.
Eles, os seus filhinhos queridos, a única alegria naquele mundo de pesadelos, de isolamento e de dor.
A jovem Eunice prosseguiu sua caminhada e foi construindo casas para receber as crianças, foi construindo um mundo novo para que aquela gente pudesse ter o mínimo que uma criatura humana tem direito: saúde e um lar.
Onde ela passava deixava o seu rastro de bondade. Outras pessoas se comoviam com o seu trabalho e passavam a fazer parte da sua equipe, movidos pelo amor ao próximo.
Um dia, já de cabelos grisalhos, Eunice recebeu a carta de um hanseniano.
Ele agradecia a acolhida que seus filhos tiveram num dos educandários. Falava da boa alimentação, da educação, do carinho com que foram recebidos e, muito especialmente, agradecia o amor que os havia tornado bondosos e generosos.
Engasgada de emoção, ela sorriu. Sorriu recordando as outras cartas de engenheiros, aviadores, advogados, professores, todos filhos de hansenianos que foram por ela encaminhados na vida, narrando as suas vitórias, as suas conquistas, os seus trabalhos que deram às vidas deles as alegrias sadias dos que são acolhidos no amor.
Você sabia?
Que Eunice Weaver foi assistente social e jornalista diplomada nos estados unidos?
E que para realizar o seu trabalho de abnegação junto aos hansenianos, procurou conhecer de perto o problema da enfermidade?
Ela estagiou nas ilhas Sandwich, no pacífico, no Egito, na China, no Japão e na Índia.
E você sabia que ela foi perseguida, caluniada, e experimentou toda sorte de amarguras em nome da tarefa a que se entregou?
Contudo, jamais desanimou. Seu lema era: "o Senhor sempre está poderoso ao lado daqueles que nele confiam e esperam."
Equipe de Redação do Momento Espírita, a partir de texto datado de dezembro de 1966, de autoria de Vera Brant, intitulado Eunice Weaver - Uma vida para o bem e do cap. 5, 1ª parte, da obra Sublime Expiação do Espírito Victor Hugo, pela psicografia de Divaldo Franco.
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