segunda-feira, 10 de março de 2008

I Ching

O I Ching, também conhecido como O Livro das Mutações, é a mãe de todo o pensamento chinês. É considerado como um dos mais preciosos livros existentes, com uma sabedoria sem igual, e o mais intrigante; seus conselhos valem para nós, do mesmo modo que há mil ou dois mil anos atrás.

Considerado por alguns de difícil leitura e entendimento, e logo nas primeiras linhas podemos perceber este significado; ele realmente não é um romance ou qualquer outro livro para lermos do começo ao fim.

Kung Fu-Tsé, mais conhecido como Confúcio, disse certa vez que poderia dar sábios conselhos apenas após ter estudado com profundidade o I Ching. Por sinal, ele próprio redigiu algumas partes do livro.

A origem do I Ching é amplamente discutida, mas de qualquer forma, ela é cercada de mistérios e misticismo. Dizem que este oráculo sagrado foi escrito na China há cerca de 3.000 anos por Fu Hsi, conhecido como o pai da civilização. Conta a lenda que um dia, quando em suas diárias meditações, ele avistou uma tartaruga emergindo da água de um rio. Analisando o casco desta tartaruga, Fu Hsi concebeu que todo o universo estava representado em pequenas marcas, dispostas ordenadamente no casco. Estes oito símbolos, cada um com certas características, receberam o nome de trigramas. Com a combinação destes oito trigramas em todas as combinações possíveis, tem-se 64 hexagramas, ou seja, todo o I Ching. Segundo a tradição aceita, a atual compilação dos 64 hexagramas teve sua origem com o Rei Wen, antecessor da dinastia Chou. O texto relativo às linhas (uma parte do livro de profundo significado) foi redigido por seu filho, o Duque de Chou. Essa era a forma do livro quando Confúcio o encontrou, adicionando várias passagens. Dizem que Lao-Tsé também contribuiu com sua sabedoria ao I Ching.

O I Ching tem o conceito de uma família, cada pessoa representada por um trigrama. Assim, temos o Pai e a Mãe, e mais três filhas e três filhos. O trigrama do Pai, por exemplo, compreende três linhas inteiras. Também chamado O Criativo, e associado com o pai, o líder, o homem. Seu nome chinês é Chien. Simboliza o céu, o firmamento e a perseverança. Todos os outros trigramas têm características próprias.

Interessante notar que a constituição da família chinesa do I Ching nada tem de parecida com a atual, com a política de um só filho imposta em 1976. Família chinesa do I Ching pode até existir, mas não na China!

Muitos consideram o livro como sendo de adivinhação e profecias. Realmente este lado existe, e nos referimos como "consultar o I Ching". Isso pode ser feito com varetas, antigas moedas chinesas, cartas e outras formas. Devemos sempre ter em mente que o I Ching é um intermediário entre o nosso "EU" interior, o nosso inconsciente, nosso Mestre Interior e o ambiente; dessa forma, nós o utilizamos para obter as respostas que temos dentro de nós.

Seria muito mais correto afirmar que o I Ching superou o título de mero livro de adivinhação. A denominação de livro da Sabedoria seria condizente com seu conteúdo único.

O I Ching é uma das bases do Feng Shui. Utiliza-se o conceito de trigrama e hexagrama, por exemplo, na bússola Lo-Pan. Outra forma seria a de colocar os membros de uma família em quartos, de acordo com a distribuição original. Até em uma mesa de jantar pode-se dispor a família do I Ching. Aqueles querendo dedicar-se seriamente ao estudo do Feng Shui, ou de qualquer filosofia chinesa, deverão ter um profundo conhecimento da estrutura do I Ching, seus hexagramas, linhas e comentários. Esse estudo não é fácil, e deve ser executado pausadamente, absorvendo-se com integridade a sabedoria contida nas entrelinhas do texto. Desconsiderar esse aspecto seria apenas estudar e assimilar um conteúdo essencialmente intelectual, desprezando-se a principal finalidade de uma "filosofia de vida".

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