* José Joacir dos Santos?
Cheguei a um ponto da minha careira em que tenho absoluta certeza do que faço porque adoro o que faço.
Com tantas histórias com finais felizes, precisava ir mais profundo e desafiar o velho ditado de que "santo de casa não faz milagres". Fiz uma longa viagem para ver meus parentes, especialmente a minha mãe, de 88 anos, com dificuldades de lembrar o meu nome.
Portadora de um diagnóstico médico aparentemente irreversível, uma vez que mandaram ela ir para casa porque não tinha "nada a fazer", ela tem a fama de mulher brava e forte. Mesmo assim, a frieza da resposta médica a fez entrar em profunda depressão, as dores vieram à tona, o medo de morrer ao mesmo tempo em que passou a se despedir de tudo e de todos. As dificuldades físicas também aumentaram, inclusive para comer, defecar, dormir, respirar e até tomar banho - em muitos casos, essas notícias dadas sem prepara apressam a morte, e de maneira emocionalmente dolorida.Claro que é preciso dizer que ela é, como sempre foi, cabeça-dura. Apesar de ter um jardim cheio de plantas medicinais, de ter receitas prontas para todos os males, não toma nada. Aquelas panelas de alumínio e tefal, as quais apontei com dedo firme há muitos anos como cancerígenas, nunca foi ouvido. Aquela alimentação pesada à noite sempre foi tida como excelente, forte, sustança.
Naturalmente que esses hábitos são aqueles que ela aprendeu na infância e adolescência, há mais de setenta anos, e, como aqueles que não estudam muito, a resposta para tudo é a mesma:na minha época, tudo era melhor que hoje! E assim ela repetiu todos os hábitos dos seus pais, vizinhos e pessoas que conheceu em seus verdes anos. O grande erro que pessoas que assim pensam comete é não acreditar que o tempo passa e a gente tem que se atualizar porque o mundo é diferente a cada segundo. A alface de oitenta e oito anos atrás não era igual à alface de hoje, assim como o ar, a terra, a genética etc. Fazer esses fatos serem reconhecidos é difícil, ainda mais da parte de filhos.Ao ficar cara a cara com minha mãe, e sua fragilidade física, reproduzi a imagem de muitas outras pessoas que jamais se preparam para a velhice como se só acontecesse com os outros. Claro que a geração dela só soube o que era trabalho, mais nada.
A primeira reclamação que ouvi foi "não ter mais energia para acompanhar a reforma das minhas casas". Apesar das emoções envolvidas, talvez unilaterais, decidi encará-la como se fosse uma cliente que me desafia na terapia. Sabedor das poucas chances de um tratamento físico, inclusive por resistências da parte dela, ofereci algo que ela jamais acreditou: um tratamento espiritual-energético. Aquele olhar de incredibilidade eu já tinha visto inúmeras vezes. A direfença agora era: estava preparado para enfrentá-lo sem ser intimidado, diminuído ou ignorado. Foram inúmeras horas de terapia que me fizeram soltar o que tinha que ser solto da minha parte - e foi a melhor coisa que pude fazer na vida por mim mesmo.
Aproveitei da fragilidade dela e ajudei a deitá-la na maca. Nunca tinha tocado nela. A primeira coisa que fiz foi viajar até o dia em que fui gerado em sua barriga e enviar todo o perdão, do fundo do meu coração, para toda e qualquer memória ali existente a esse respeito. Fui mais fundo, até sete gerações e nesse momento ouvi o primeiro ronco. Confesso que ele também serviu para que eu relaxasse e pudesse seguir em frente com mais segurança. E fui. Senti a presença de mentores e obsessores. Assessorado, servi de intermediário naquilo que foi possível e fiquei surpreso com o enorme sentimento de compaixão que senti por aquele momento. O mundo inteiro fez um enorme silêncio. O vento entrou pela janela e me trouxe um profundo sentimento de paz. Introduzi Reiki no tratamento e o fogo divino logo se manifestou em minhas mãos. Chamei todos os ancestrais e fizemos fila na direção do Sol Central. Olhei para mim mesmo várias vezes, sorrindo, para acreditar que tudo aquilo era verdade e estava acontecendo. Esperei que ela acordasse falante, querendo comida...
Nos dias que se seguiram deixei que ela falasse. Um dos momentos mais emocionantes foi ouvi-la recitar as poesias do seu amado pai, as histórias da mediunidade de um homem no século passado que via coisas do século presente sem nunca ter saída da sua vila ou ter ido a uma escola. Aquela era a mãe que eu jamais tinha visto. Aos poucos ela tomou banho sozinha, vestiu-se, perfumou-se e começou a falar na casa da praia, na casa do campo, em todas as suas casas e eu logo me preparei para viajar. Minha irmã entoru na sintonia e nos dirigiu a todos os lugares que ela quis visitar.
Pessoas conhecidas, que já esperavam a notícia de sua morte, não conseguiam esconder a surpresa em vê-la em pé, cheia de projetos de construção, reformas, investimentos, como se o dia tivesse apenas amanhecido...
Ao me despedir, ela me abraçou e eu jamais vou esquecer aquele abraço porque nunca houve outro igual na nossa vida atual. Seu choro e sussurros foram um complemento inesperado! E eu jamais fui tão agradecido ao universo por tê-la iniciado em Reiki e doado o meu espírito naquele tratamento que deverá fazer uma grande diferença no seu retorno à casa do pai - apesar das possíveis dores que o lado físico deverá proporcionar nos dias que seguem a sua contagem regressiva. Sou um homem muito feliz e acredito mais do que nunca, que tudo é possível ser resolvido com amor incondicional.
(*) José Joacir dos Santos é Doutor em Psicologia
Com tantas histórias com finais felizes, precisava ir mais profundo e desafiar o velho ditado de que "santo de casa não faz milagres". Fiz uma longa viagem para ver meus parentes, especialmente a minha mãe, de 88 anos, com dificuldades de lembrar o meu nome.
Portadora de um diagnóstico médico aparentemente irreversível, uma vez que mandaram ela ir para casa porque não tinha "nada a fazer", ela tem a fama de mulher brava e forte. Mesmo assim, a frieza da resposta médica a fez entrar em profunda depressão, as dores vieram à tona, o medo de morrer ao mesmo tempo em que passou a se despedir de tudo e de todos. As dificuldades físicas também aumentaram, inclusive para comer, defecar, dormir, respirar e até tomar banho - em muitos casos, essas notícias dadas sem prepara apressam a morte, e de maneira emocionalmente dolorida.Claro que é preciso dizer que ela é, como sempre foi, cabeça-dura. Apesar de ter um jardim cheio de plantas medicinais, de ter receitas prontas para todos os males, não toma nada. Aquelas panelas de alumínio e tefal, as quais apontei com dedo firme há muitos anos como cancerígenas, nunca foi ouvido. Aquela alimentação pesada à noite sempre foi tida como excelente, forte, sustança.
Naturalmente que esses hábitos são aqueles que ela aprendeu na infância e adolescência, há mais de setenta anos, e, como aqueles que não estudam muito, a resposta para tudo é a mesma:na minha época, tudo era melhor que hoje! E assim ela repetiu todos os hábitos dos seus pais, vizinhos e pessoas que conheceu em seus verdes anos. O grande erro que pessoas que assim pensam comete é não acreditar que o tempo passa e a gente tem que se atualizar porque o mundo é diferente a cada segundo. A alface de oitenta e oito anos atrás não era igual à alface de hoje, assim como o ar, a terra, a genética etc. Fazer esses fatos serem reconhecidos é difícil, ainda mais da parte de filhos.Ao ficar cara a cara com minha mãe, e sua fragilidade física, reproduzi a imagem de muitas outras pessoas que jamais se preparam para a velhice como se só acontecesse com os outros. Claro que a geração dela só soube o que era trabalho, mais nada.
A primeira reclamação que ouvi foi "não ter mais energia para acompanhar a reforma das minhas casas". Apesar das emoções envolvidas, talvez unilaterais, decidi encará-la como se fosse uma cliente que me desafia na terapia. Sabedor das poucas chances de um tratamento físico, inclusive por resistências da parte dela, ofereci algo que ela jamais acreditou: um tratamento espiritual-energético. Aquele olhar de incredibilidade eu já tinha visto inúmeras vezes. A direfença agora era: estava preparado para enfrentá-lo sem ser intimidado, diminuído ou ignorado. Foram inúmeras horas de terapia que me fizeram soltar o que tinha que ser solto da minha parte - e foi a melhor coisa que pude fazer na vida por mim mesmo.
Aproveitei da fragilidade dela e ajudei a deitá-la na maca. Nunca tinha tocado nela. A primeira coisa que fiz foi viajar até o dia em que fui gerado em sua barriga e enviar todo o perdão, do fundo do meu coração, para toda e qualquer memória ali existente a esse respeito. Fui mais fundo, até sete gerações e nesse momento ouvi o primeiro ronco. Confesso que ele também serviu para que eu relaxasse e pudesse seguir em frente com mais segurança. E fui. Senti a presença de mentores e obsessores. Assessorado, servi de intermediário naquilo que foi possível e fiquei surpreso com o enorme sentimento de compaixão que senti por aquele momento. O mundo inteiro fez um enorme silêncio. O vento entrou pela janela e me trouxe um profundo sentimento de paz. Introduzi Reiki no tratamento e o fogo divino logo se manifestou em minhas mãos. Chamei todos os ancestrais e fizemos fila na direção do Sol Central. Olhei para mim mesmo várias vezes, sorrindo, para acreditar que tudo aquilo era verdade e estava acontecendo. Esperei que ela acordasse falante, querendo comida...
Nos dias que se seguiram deixei que ela falasse. Um dos momentos mais emocionantes foi ouvi-la recitar as poesias do seu amado pai, as histórias da mediunidade de um homem no século passado que via coisas do século presente sem nunca ter saída da sua vila ou ter ido a uma escola. Aquela era a mãe que eu jamais tinha visto. Aos poucos ela tomou banho sozinha, vestiu-se, perfumou-se e começou a falar na casa da praia, na casa do campo, em todas as suas casas e eu logo me preparei para viajar. Minha irmã entoru na sintonia e nos dirigiu a todos os lugares que ela quis visitar.
Pessoas conhecidas, que já esperavam a notícia de sua morte, não conseguiam esconder a surpresa em vê-la em pé, cheia de projetos de construção, reformas, investimentos, como se o dia tivesse apenas amanhecido...
Ao me despedir, ela me abraçou e eu jamais vou esquecer aquele abraço porque nunca houve outro igual na nossa vida atual. Seu choro e sussurros foram um complemento inesperado! E eu jamais fui tão agradecido ao universo por tê-la iniciado em Reiki e doado o meu espírito naquele tratamento que deverá fazer uma grande diferença no seu retorno à casa do pai - apesar das possíveis dores que o lado físico deverá proporcionar nos dias que seguem a sua contagem regressiva. Sou um homem muito feliz e acredito mais do que nunca, que tudo é possível ser resolvido com amor incondicional.
(*) José Joacir dos Santos é Doutor em Psicologia
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