O mundo nos apresenta um rol diversificado de problemas e situações na atualidade.
Enquanto vemos pessoas que se esforçam, lutam, trabalham para saírem da situação caótica, em que se encontram, outras parecem nada querer fazer.
A impressão que nos passam é de que se encontram no palco da vida, assistindo a vida passar. Não se importam com sua aparência, com o lugar onde vivem, com os acontecimentos que as rodeiam.
Olhando-as, quase sempre cogitamos de que pouco ou nada se tem a fazer por elas, desde que parecem indiferentes a tudo.
Por isso, quando nas frentes de voluntariado, é comum alguns de nós nos deixarmos envolver pelo desânimo. E nos assaltam dúvidas como: De que adianta todo meu esforço? Valerá alguma coisa todo esse empreendimento nessas criaturas?
* * *
Naquela manhã, atrasada para o seu voluntariado, Carla solicitou um carro, servindo-se do aplicativo.
Ao fornecer o endereço para onde desejava ir, a motorista exultou: Nossa, a senhora trabalha lá? Conhece o Túlio?
Ante a afirmativa, Fernanda rompeu em emocionadas palavras: Há uns trinta anos minha família chegou nessa instituição, numa situação muito difícil.
Queria que a senhora dissesse ao Túlio que deu tudo certo. Eu me formei, fui trabalhar numa multinacional. Estou agora como motorista, porque fiquei desempregada.
Minha mãe, meu irmão e eu somos muito gratos a tudo que recebemos daquela instituição.
Chegando ao destino, Carla não tardou a encontrar Túlio e lhe falar a respeito de Fernanda.
Claro que lembro dela, emocionou-se ele. Ela e o irmão colocavam fogo por aqui. Eram crianças levadas.
Lembro como a família chegou. A mãe, Dorinha, tinha dificuldades com o aprendizado da costura. Por fim, se tornou uma costureira de mão cheia. Ela costumava falar que a costura salvara a sua vida, que a tirara da situação miserável em que se encontrava.
A essa altura, Carla verificara o telefone da motorista no aplicativo de mobilidade e ligava para ela.
Estendeu o telefone ao amigo que, ao atender, silenciou por mais de um minuto. Lágrimas e corações se conectaram por satélite e em Espírito.
Do outro lado da linha, trinta anos depois, a eterna menina das suas lembranças se comovia:
Tio Túlio? Obrigada por tudo. Deu certo. Eu me formei, meu irmão é policial. Nós dois já somos pais.
Lembro como o senhor nos recebia na porta da instituição e enchia minha mãe de esperança pela vida.
Hoje sou uma mulher de bem, com princípios e valores muito presentes na minha vida. Tio Túlio, o seu esforço deu certo.
As poucas palavras de túlio precisavam competir com suas lágrimas e com o acelerar do seu coração.
Desligaram com a promessa de um reencontro com a família.
Então, Túlio levantou os braços, como se tivesse ganho na loteria e gritou: Deu certo! Deu certo!
* * *
Invistamos sempre. Muitas vidas dependem de que alguém as estimule a crescer, a conquistar, a aprender. A olhar a vida, com esperança e vigor.
Pensemos nisso. E não deixemos de oferecer nosso ombro, nosso saber, nosso incentivo.
Redação do Momento Espírita, com base em fato colhido no artigo Deu certo! Deu certo!, de Thiago Vieira, da Revista Cultura Espírita, do Instituto de Cultura Espírita do Brasil, outubro de 2017.Em 21.2.2018.
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