O esquecimento das vidas passadas é uma realidade no processo de reencarnação.
Realidade justa e necessária, diga-se de passagem, como não poderia ser diferente, já que vem de Deus.
Mas então podemos inquirir: não seria melhor se lembrássemos de tudo para então saber o porquê de certas coisas que nos acontecem agora?
Para termos uma melhor visão geral das coisas e assim buscarmos nossa reforma íntima?
Certamente isso poderia ser útil para alguns, a saber:
a minoria composta por aqueles de moral elevada e sempre prontos para perdoar seus inimigos.
Como a maior parte da humanidade não se encontra nem nunca se encontrou - nesse estágio de evolução moral, o esquecimento é mais uma bênção de Deus para conosco.
Todos temos erros passados a serem corrigidos, pessoas por nós derrubadas e humilhadas em outras encarnações que agora devemos ajudar a se erguerem do abismo em que a empurramos.
Tais pessoas podem ser agora nossos pais, irmãos, tios, primos, vizinhos, colegas de trabalho, não se sabe.
Mas como reagiríamos se, ao vermos um filho nosso nascer, reconhecêssemos nele a pessoa de um carrasco em uma vida passada?
Alguém que nos arruinou completamente aquela vida!
Iríamos dar a ele todo o nosso amor?
Iríamos estar sempre prontos a atender o seu choro durante a noite depois de tudo o que ele nos fez?
O véu lançado sobre esses acontecimentos anteriores é uma ajuda da misericórdia divina que nos coloca em uma posição favorável à reconciliação com nosso próximo.
Criando aquela criança desde pequena aprenderemos a amá-la, não mais importando o mal que ela nos causou em outras vidas.
E esse amor que lhe devotarmos fará com que também ela nos dedique seu amor e o passado sombrio seja finalmente deixado para trás. Sem esse esquecimento a vida poderia ser quase impraticável devido ao nosso baixo nível de fraternidade uns para com os outros:
. Imagine os senhores de engenho reencarnando em um local onde estejam alguns de seus antigos escravos.
. Imagine judeus - vítimas do holocausto - encarnando junto a nazistas que foram seus algozes ou de seus familiares.
. Imaginemos, acima de tudo, tempos sombrios da humanidade, como a idade média, onde tanta maldade fora feita de forma totalmente gratuita e legalizada.
Sem o lançamento desse límpido véu sobre nossas vidas anteriores o mundo correria um altíssimo risco de se afundar em um círculo vicioso de ódio recíproco entre os homens.
Temos que ter em mente que a existência espiritual da alma é a sua existência normal.
As existências corpóreas não são senão intervalos, cuja soma iguala apenas uma parte mínima da existência normal.
Vale lembrar ainda que tal esquecimento não é definitivo.
O espírito desencarnado pode sim lembrar - desde que julgue útil e de acordo com a sua evolução moral adquirida - de acontecimentos de vidas passadas, sejam quais forem; isso o auxilia, inclusive, na sua preparação para uma nova encarnação.
Além disso, uma nova encarnação não faz de uma pessoa um novo ser. Apenas o corpo muda,sendo o espírito o mesmo, com o seu caráter moral e intelectualidade particulares, guardando assim todos os seus instintos e pré-disposições, sejam boas ou ruins.
Momento Espírita
por Ana Maria Teodoro Massuci
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