terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Sunita, o Varredor de Rua

Nasci em uma família pobre.
Na miséria, escassa era minha comida.
Meu encargo era executar trabalho inferior:
Tinha que varrer flores mortas.

Eu era o desprezo de todos ao meu redor,
Era menosprezado, tratado com desdém.
Como tinha aberto mão da auto-confiança
Me curvava servil a todos.

Então um dia vi o Perfeito
Cercado por um séquito de monges.
Eu vi o Grande Herói quando ele fez
Sua entrada na capital de Magadha.

Dispensando minha muleta fui
Em direção a ele, perto o bastante para saudá-lo com respeito.
Então aconteceu que o Melhor dos Homens
Parou com compaixão para mim.

Me joguei diante dos pés do Mestre.
Então, me levantei de um lado, implorando
Para que ele, o Mais Elevado dos Seres, pudesse
Me aceitar, me concedendo ordenação.

O Mestre cuja compaixão envolve
O mundo, também sentiu compaixão por mim.
Me disse: “Venha monge!”. Assim,
Recebi minha ordenação como monge.

Sozinho, habitei dali em diante as florestas.
Sem falhas e cheio de zelo aspirei
Ao cumprimento das palavras do Mestre, como ele,
O Vitorioso, me ensinou a fazer.

E aconteceu que, na primeira vigília da noite,
Eu contemplei o conhecimento de vidas passadas.
Então, enquanto a segunda vigília se descortinava,
Alcancei clarividência, ganhando o olho divino.
E, na última vigília da noite,
Atravessei a nuvem da ignorância, e me libertei.

Theragata* 620 | 1
citado em “The Historical Buddha”, H. W. Schumann
imagem:g1.globo.com
* escritura que reúne poemas dos discípulos diretos de Buda. O autor desse trecho é referido como Sunita, o Varredor de Rua

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