Rasgar a casca do eu individual significa soltar as coisas que agora
segura. É o preparar-se para receber livremente as dádivas de Deus,
soltando tudo que ainda segura: “isto é meu, este é meu pensamento,
isto é minha propriedade” Quando visitei, antes da 2ª Guerra Mundial,
a casa do Sr. Yamazaki, diretor da fábrica de sabões Kaow, contou-me
ele o seguinte: na sua juventude, quando fazia peregrinações
religiosas, procurou o idoso mestre do Zen, Nantembô, para ouvir seus
ensinamentos. O mestre não apareceu para recebe-lo, mandando um menino
para que o atendesse. O menino ofereceu-lhe chá numa grande chávena.
Visto que seria falta de educação não aceitar o chá, tomou-o todo, e
logo o menino encheu novamente a chávena dizendo: “tome, por favor”.
Ele bebeu todo o chá e o menino tornou a encher. O Sr. Yamazaki não
suportou mais e recusou finalmente: Estou com o estômago cheio e não
posso mais beber” O menino se retirou e o mestre nunca apareceu.
Naquele momento ele compreendeu de súbito: “Através das peregrinações
religiosas eu havia me convencido de que já tinha recebido a
iluminação e havia formado este conceito de mim próprio. Enquanto
mantiver esta casca cheia de idéias preconcebidas, é impossível
introduzir o ensinamento do Zen. O mestre me ensinou agora a romper a
casca do pequeno ego”.
Livro “Convite à Felicidade Vol. 1”
Dr. Masaharu Taniguchi
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