Quando abrimos os olhos, neste mundo, vimos debruçados sobre nosso berço, duas pessoas especiais: nosso pai e nossa mãe.
Nos primeiros anos nos sentimos dependentes deles. E, mesmo o simples fato de eles estarem a nos olhar, se constituía em segurança para nós.
Assim, aprendemos a andar, amparados pelos seus braços. Nossos machucados receberam curativos e beijos.
Aprendemos a andar de bicicleta, enfrentamos as ondas do mar, as águas da piscina.
Suas mãos nos conduziram à escola e quando fomos ali deixados pela primeira vez, pareceu que algo se quebrou dentro de nós.
Estaríamos sendo abandonados?
Contudo, ao final do dia, retornamos ao lar e aprendemos que a escola era somente um lugar para estar algumas horas.
Era um lugar para aprender, para fazer amizades, para crescer.
Mas sempre havia um lugar para voltar: nosso lar. O aconchego da família, a segurança paterna, o carinho materno.
À medida que os anos foram se somando, deixamos de ser dependentes. Andamos com nossos pés, agimos com nossa vontade, alçamos vôos mais altos, ou rasos.
E, alguns de nós, passamos a olhar os pais de forma diferente. Quem são eles para desejarem comandar a nossa vida?
Quem são eles para dizerem o que devemos ou não fazer?
Quem são?
Nossos pais são Espíritos que, quase sempre, guardam relações afetivas conosco de longa data. Amigos que aceitam nos receber como filhos, desejando encurtar distâncias entre nós e o progresso.
Espíritos que se dispõem a nos oferecer um corpo, a nos proteger, a nos amar.
Exceções existem, é verdade. Espíritos não tão amigos que se reencontram no cadinho doméstico para ajustes do pretérito um tanto nebuloso.
Mesmo assim, eles nos moldaram um corpo, permitindo-nos a reentrada no mundo carnal, e lhes devemos ser gratos.
Mas, se desejam saber aonde vamos, com quem vamos, nesses tempos de tanta violência, é porque conosco se preocupam.
Se nos estabelecem horários para o retorno ao lar, se nos procuram quando nos retardamos, é porque a nossa segurança os preocupa.
Se insistem conosco para que estudemos mais, nos esforcemos mais, é porque, mais experientes pela maturidade que ainda não temos, nos desejam ver galgar degraus de sucesso.
Se nos impõem disciplina, se nos exigem atitudes comedidas, é porque desejam colaborar com nosso progresso.
Para isso, Deus nos confiou à sua guarda.
E porque esse compromisso está registrado em sua memória espiritual, tanto quanto pelos laços de afeto que nos unem, eles se importam conosco.
Pensemos nisso e antes de reclamarmos tanto, olhemos nossos pais com gratidão.
Vivamos com eles o melhor possível. Afinal, não estarão sempre conosco.
É possível que logo mais eles se transfiram para a espiritualidade, cumprida sua missão.
Vivamos usufruindo o melhor da sua companhia, da sua sabedoria, dos seus afagos.
Amanhã, quando não estiverem mais conosco, teremos doces lembranças para alimentar a nossa saudade.
Redação do Momento Espírita.
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