sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Em a natureza tudo trabalha...

Trabalham os vermes na intimidade da terra, tornando-a fofa e produzindo o humus nutriente para alimentar as plantas.

Trabalham os pássaros, na construção dos próprios ninhos e na disseminação do pólem das flores.

Trabalham as flores, doando seu perfume ao ar e permitindo o nascimento dos frutos.

Trabalham os insetos, polinizando as flores e desempenhando a parte que lhes cabe na estrutura do ecossistema.

Trabalham também os rios, fertilizando o solo e dessedentando homens e animais.

Trabalham as nuvens, fornecendo a chuva que rega as plantas e purifica a atmosfera.

Trabalham as árvores, abrindo seus galhos quais braços fraternos, acolhendo os ninhos e fazendo sombra na caminhada dos homens.

Trabalha igualmente o Sol, estrela incansável que jamais deixa de estender seus raios quentes, espancando as trevas e favorecendo a vida.

Trabalha a Lua, controlando as marés e deslumbrando os olhares apaixonados dos namorados, que sonham um dia poder oferecê-la a alguém em nome do amor.

Trabalham os oceanos, abrigando na intimidade várias formas de vida e transportando, em suas ondas, as embarcações, permitindo a ligação entre os Continentes.

Trabalha também o vento, acariciando com igual doçura os carvalhos gigantes e as pequeninas hastes da relva.

Tudo em a natureza trabalha...

E trabalham também os homens...

Quem aceitaria, de boa vontade, ser um caniço mudo e surdo quando tudo o mais canta em uníssono?

Mas todo trabalho é vazio, exceto quando há amor...

É pelo trabalho que nos unimos a nós mesmos, unindo-nos uns aos outros e a Deus.

E o que é trabalhar com amor?

É tecer o tecido com fios desfiados do nosso próprio coração, como se nosso bem-amado fosse usar esse tecido.

É construir uma casa com afeição, como se nosso bem-amado fosse habitar essa casa.

É semear as sementes com ternura e recolher a colheita com alegria, como se nosso bem-amado fosse comer os frutos.

É por em todas as coisas que fazemos um sopro da nossa alma...

Quando trabalhamos com amor, somos como uma flauta através da qual o murmúrio das horas se transforma em suave melodia, espalhando notas de alegria no ar, contagiando tudo o que nos rodeiam.

***

A câmara fotográfica nos revela por fora, mas o trabalho nos retrata por dentro.

Em tudo aquilo que façamos, na atividade que o Senhor nos haja oferecido, estamos colocando nosso retrato, nossa marca registrada.

E quando o trabalhador converte o trabalho em alegria, o trabalho se transforma na alegria do trabalhador.

Pensemos nisso!


(O Profeta, de Gibran Kalil Gibran, cap. O trabalho e Sinal Verde, caps. 17 e 18)

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