Óleos essenciais podem ser muito úteis no tratamento de insônia, estresse e ansiedade. Além disso são potentes bactericidas e fungicidas
Você já ouviu falar em aromaterapia? A terapia alternativa ainda é pouco difundida no Brasil e muitas vezes é vista como charlatanismo. Segundo a Associação Brasileira de Medicina Complementar (ABMC), aromaterapia é um tratamento curativo que utiliza o olfato e as propriedades dos óleos essenciais. A etimologia da palavra remete à cura pelo cheiro. A aromaterapia é uma medicina natural, alternativa, preventiva e também curativa.
Quase todas as antigas civilizações, como Egito, China, Índia, Grécia e Roma, fizeram uso de óleos, incensos e perfumes, seja na cosmética ou em rituais e sessões de cura espiritual. Mas foi no século XX que ocorreu a estruturação medicinal da aromaterapia. Os óleos essenciais têm diversas atividades medicinais e isso permitiu que a aromaterapia se desenvolvesse como um sistema terapêutico. O químico francês René Maurice Gattefossé observou o poder curativo do óleo de lavanda em uma queimadura e cunhou o termo aromathérapie. A partir daí a aromaterapia foi separada da fitoterapia. Ela também se vale dos poderes de cura do mundo das plantas. Ela só utiliza óleo essencial 100% puro, de origem botânica conhecida e com sua composição química completa como a natureza produziu, em vez de usar toda a planta ou parte dela.
O médico francês Jean Valnet foi outra personalidade que marcou a história da aromaterapia. Ele descobriu que os óleos essenciais contêm propriedades cicatrizantes, antivirais, antibacterianas, antifúngicas e antissépticas. Já a bioquímica Margaret Maury foi pioneira e inseriu sua visão holística na aromaterapia, com a aplicação de massagens de acordo com as características da personalidade do paciente. Em 1978, o Dr. Paul Belaiche publicou sobre o uso clínico de óleos essenciais no tratamento de doenças infecciosas e degenerativas. O químico francês Henri Viaud foi o responsável pela publicação de critérios de pureza e qualidade que os óleos essenciais têm de cumprir para serem adequados a fins médicos.
Mas o que são óleos essenciais? São apenas o cheirinho da planta?
Não, na verdade eles são muito mais do que isso. Os óleos essenciais são substâncias químicas, concentradas e muito complexas, produzidas pelas plantas, podendo ultrapassar 300 componentes químicos dependendo do óleo. São considerados como a "alma" da planta e são obtidos de flores, folhas, frutos e raízes mediante diversas formas de extração. Apesar do termo “óleo”, eles não são necessariamente gordurosos, são líquidos voláteis denominados como óleos por se solubilizarem em fase oleosa e não em água. A composição dos óleos inclui elementos orgânicos como carbono, oxigênio e hidrogênio, formando moléculas de álcoois, aldeídos, ésteres, óxidos, cetonas, fenóis, hidrocarbonetos, ácidos orgânicos, compostos orgânicos nitrogenados e sulforados e, principalmente, de terpenos.
Os óleos essenciais são produzidos pelas plantas para protegê-las contra ataque de parasitas e doenças, além disso, atuam na fertilização, polinização e na proteção da radiação solar (clique aqui para saber mais sobre óleos essenciais).
E nos seres humanos? Quais as aplicações dos óleos essenciais?
Muitos fatores influenciam na eficácia do tratamento aromaterápico, entre eles se destacam a qualidade dos óleos essenciais, os métodos de aplicação e o conhecimento do aromaterapeuta (clique aqui para saber as precauções que devem ser tomadas ao comprar e armazenar óleos essenciais).
Na aromaterapia, os óleos essenciais podem ser utilizados sumariamente com efeitos psicológicos ou fisiológicos. Quanto aos efeitos psicológicos, existe a psicoaromaterapia, que estuda os efeitos dos aromas dos óleos essenciais na mente humana. Os óleos essenciais possuem substâncias odoríferas que são inaladas e estimulam nossas células nervosas olfativas. Esse estímulo é capaz de desencadear reações como a ativação do sistema límbico. Nele, são processadas as informações vindas dos terminais nervosos conectados ao bulbo olfativo. O sistema límbico está diretamente relacionado aos nossos comportamentos sociais e emoções. Ele integra informações sensitivo-sensoriais com nosso estado psíquico interno. Comportamentos emocionais e sexuais, aprendizagem, memória e motivação estão intrinsecamente ligados aos estímulos sensórios. Nosso corpo atribui informação afetiva aos estímulos, relacionando-os com memórias pré-existentes, o que leva a uma resposta emocional.
Com o auxílio de um aromaterapeuta, os óleos essenciais podem afetar nosso humor de uma forma positiva e balanceada. O tratamento pode ajudar em situações como insônia, estresse, ansiedade, dor e depressão.
Além dos efeitos dos óleos essenciais na mente humana, há os efeitos fisiológicos advindos de suas propriedades bactericidas, antifúngicas, antivirais, etc. Eles penetram com facilidade nossa membrana celular - cem vezes mais que a água - e se dissolvem bem nos lipídeos de nosso corpo. Muitos remédios da medicina tradicional possuem compostos extraídos de óleos essenciais, como o mentol e a cânfora.
Estudos mostram que o óleo essencial de lavanda aumenta a sonolência, melhora o humor e relaxa. Já o óleo de alecrim, por exemplo, aumenta o poder de vigilância, diminui a ansiedade e aumenta a rapidez de resposta. Há pesquisas que sugerem o uso de óleo essencial de Melissa officinalis (erva-cidreira) no tratamento para a agitação em pessoas com demência grave. Também há estudos com o óleo de melaleuca (tea tree) que sugerem uma atividade antibiótica e antisséptica diante de micro-organismos superior à de medicamentos sintéticos.
As propriedades dos óleos essenciais dependem dos grupos funcionais presentes no composto. Segundo estudo do setor de farmácia do Centro Universitário São Camilo e o Instituto Brasileiro de Aromatologia, os utilizados na aromaterapia são:
Terpenos
Esses compostos possuem efeito anti-viral, antisséptico, bactericida e anti-inflamatório. Atuam no processo de desintoxicação no fígado e estimulam as funções glandulares. Além disso, os sesquiterpenos aumentam a quantidade de oxigênio das glândulas endócrinas hipófise e pineal, localizadas no cérebro, e interferem na liberação de monoaminas.
Exemplos: limoneno, pineno, canfeno, gamaterpineno e camazuleno. Esses compostos estão presentes no limão, pinho, olíbano e camomila.
Ésteres
As propriedades atribuídas aos ésteres são de fungicidas, sedantes e antiespasmódicos.
Exemplos: acetato de linalila e salicilato de metila. Esses compostos estão presentes na bergamota, sálvia e lavanda.
Aldeídos
Agem como sedante, antisséptico e anti-infeccioso.
Exemplos: citral, neral, geranial, cinamaldeído. Presentes na melissa, no capim-limão, na citronela e canela.
Cetonas
Agem como descongestionante das vias respiratórias em quadros de asma, bronquite e resfriado, mas podem ser tóxicos.
Exemplos: tujona, carvona e pinocanfona. Presentes no funcho, gengibre e hissopo.
Álcoois
Atuam como antissépticos, antivirais e estimulam o sistema imunológico. São eficazes regeneradores de tecidos e sedativos.
Exemplos: Linalol, borneol e estragol. Presentes no pau-rosa, sândalo e gerânio.
Fenóis
Bactericidas, desinfetantes, anti-inflamatórios e podem ser irritantes à pele.
Exemplos: timol, carvacrol e eugenol. Presentes no tomilho, orégano e no cravo da Índia.
Óxidos
São bactericidas e expectorantes.
Exemplos: óxido de silício, ferro, manganês e magnésio. Presentes no alecrim e na melaleuca.
Ácidos
Atuam como antisséptico, diurético e antipirético. Possuem antibiótico e vitaminas.
Exemplos: Ácido benzóico, cinâmico, caféico e oleânico. Presentes no benjoim e na melissa.
Os óleos essenciais são substâncias naturais, contudo não estão isentos de toxicidade. Mesmo que o vegetal não seja tóxico, o óleo essencial extraído deste pode ser, pois são geralmente setenta vezes mais concentrados que a planta da qual foram obtidos. Alguns óleos essenciais que contêm tuyona ou miristicina são considerados neurotóxicos, e podem provocar convulsões em altas dosagens. Alguns não devem ser utilizados por gestantes como o de artemísia e arruda.
Aplicações
Existem diversos métodos de aplicação dos óleos essenciais, como pulverização e difusão aérea, inalação, aplicação de compressas, banhos aromáticos e massagens. Para cada técnica existe um modo de aplicação e uma metodologia específica. Para definir o modo mais adequado, o ideal é consultar um especialista, que levará em conta a substância utilizada, a finalidade e o histórico médico do paciente para evitar possíveis efeitos indesejados.
Na maioria das vezes, os óleos essenciais necessitam ser diluídos em um veículo, normalmente em óleos vegetais, como o óleo de amêndoas doces e óleo de semente de uva. Raras serão as técnicas em que há necessidade do uso do óleo essencial em sua forma original. Os óleos são muito concentrados e, por isso, se aplicados diretamente na pele, podem causar vermelhidão, coceira ou fotossensibilidade. Contudo, alguns terapeutas indicam a aplicação direta em casos pontuais, outros sugerem o tratamento com bochechos e até mesmo a ingestão. A ingestão causa muitas divergências entre os profissionais da área. Mas vale lembrar que é importante fazer um teste de alergia. Diluir os óleos para uso da pele é mais seguro, mais econômico e abrange uma área mais ampla. Eles podem ser utilizados em cremes, loções e aromatizadores de ambiente. Além disso, podem ser adicionados em inaladores em caso de congestionamento. Mas independentemente do método particular de aromaterapia, o importante é consultar um profissional treinado no uso seguro de óleos essenciais.
fonte:ecycle.com.br/
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