24/10/09 - 10h05
Aldo Quintão é responsável pela maior igreja anglicana no país.
Ele diz que aproximação é antiga e visa a uma unidade no futuro.
Ele diz que aproximação é antiga e visa a uma unidade no futuro.
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O reverendo Aldo Quintão na sede da maior igreja anglicana da América Latina, em São Paulo, em 23 de setembro. (Foto: Flavio Moraes/G1)
“A igreja anglicana está dividida em três grupos, do mais conservador ao mais liberal, e a cúpula tem que encontrar uma solução para o grupo que está mais insatisfeito com os rumos mais liberais. Um acordo político entre católicos e anglicanos facilita para os dois lados e evita um racha real dentro da igreja anglicana. É como um filho que briga com o pai, decide sair de casa, mas vai morar com um tio, continua tudo próximo”, explicou. Ele disse que, no futuro, após a normativa do Vaticano, a igreja anglicana pode assumir uma postura definitivamente mais liberal, sem os conflitos internos com grupos mais conservadores.
Procedimento e detalhes
Segundo Quintão, mesmo antes da decisão do Vaticano, já existia a passagem de anglicanos para a Igreja Católica. Mas, quando isso acontecia, a pessoa ficava sob a orientação de um bispo católico e estava sujeita a todas as normas do Vaticano. “O novo documento do papa diferencia, pois vai aceitar que os anglicanos mantenham a cultura de liturgia e de fé anglicana. Ele criou um tipo de vicariato, uma uniata, que são igrejas que não têm a tradição romana, mas são ligadas as Roma. Os anglicanos vão ser recebidos e vão estar dentro da igreja romana, mas de uma forma diferente, até mesmo para não criar problemas para a igreja romana, afinal de contas, os padres romanos vão continuar sem poder casar”, disse Quintão. Apesar da explicação, o reverendo disse que na verdade ainda não foi definido qual vai ser o procedimento prático desta medida. Segundo ele, os detalhes desta aproximação ainda não ficaram claros. “Vai ser uma caminhada, vai se iniciar a conversa, a igreja romana deve começar a receber os bispos. Tem que decidir como vai ser a logística disso tudo, saber se as igrejas físicas vão se transferir de igrejas também, tudo coisa que ainda não ficou muito claro. Há muitos detalhes para discutir.”
Quintão explicou que, por mais que a ordenação de mulheres e homossexuais estivesse no cerne da discussão, a aproximação entre católicos e anglicanos dependia de outras questões muito importantes. “Os anglicanos são a favor do estudo das células-tronco, dos métodos contraceptivos, não são totalmente contra aborto em situações anencefalia e estupro, e ainda não se sabe como Roma vai receber isso”, disse.
Segundo ele, é preciso considerar também que esta grupo que vai migrar da igreja anglicana para a católica deve atrair muitos novos padres já ligados ao Vaticano, que querem continuar na religião, mas também gostariam de poder casar. “Minha impressão é que vai haver muitos padres romanos pedindo para entrar neste vicariato, querendo casar. Isso pode acontecer até no Brasil, atraindo pessoas que têm vontade de ser padre, mas que querem casar e que podem acabar fazendo surgir uma nova igreja ‘angloromana’, um novo nome.”
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