quarta-feira, 28 de maio de 2008

AMOR...



(Artur da Távola)



Aos que não casaram,

Aos que vão casar,

Aos que acabaram de casar,

Aos que pensam em se separar,

Aos que acabaram de se separar,

Aos que pensam em voltar...



Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos

de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja. O amor é

único, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares,

ao cônjuge ou a Deus. A diferença é que, como entre marido e mulher

não há laços de sangue, a sedução tem que ser ininterrupta.



Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração

no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança acabamos por

sepultar uma relação que poderia ser eterna. Casaram. Te amo pra

lá, te amo pra cá. Lindo, mas insustentável. O sucesso de um

casamento exige mais do que declarações românticas. Entre duas

pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais

do que amor, e às vezes nem necessita de um amor tão intenso.



É preciso que haja, antes de mais nada, respeito. Agressões zero.

Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência... Amor,

só, não basta. Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que

ter jogo de cintura para acatar regras que não foram previamente

combinadas. Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos,

acessos de carência, infantilidades. Tem que saber levar. Amar, só,

é pouco. Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para

enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas,

contas pra pagar. Tem que ter disciplina para educar filhos, dar

exemplo, não gritar. Não adianta, apenas, amar.



Entre casais que se unem visando à longevidade do matrimônio tem

que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida

própria, um tempo pra cada um. Tem que haver confiança. Uma certa

camaradagem, às vezes fingir que não viu, fazer de conta que não

escutou. É preciso entender que união não significa,

necessariamente, fusão. E que amar, "solamente", não basta. Entre

homens e mulheres que acham que o amor é só poesia,tem que haver

discernimento, pé no chão, racionalidade.



Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre, mas

que sozinho não dá conta do recado. O amor é grande, mas não é

dois. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse

amor que carrega o ônus da onipotência. O amor até pode nos bastar,

mas ele próprio não se basta.



Um bom Amor aos que já têm!

Um bom encontro aos que procuram!

E felicidades a todos nós!

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